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Rio de Janeiro – Sou uma espécie de sobrevivente da final Brasil x França de 1998. Cheguei ao estádio três horas antes do jogo e recebi um impresso da Fifa com a escalação dos times. Lá estava Edmundo em lugar de Ronaldo. Logo depois, chegaram Juca Kfouri e Alberto Helena Jr. Mostrei a escalação, Juca ficou indignado e saiu da sala de imprensa, acho que para tomar providências.

Meia hora depois, recebemos novo impresso da Fifa com a escalação de Ronaldo. Até hoje essa mudança não foi devidamente explicada, mas não foi um bom sinal. Com os times em campo, ouvimos os hinos. O do Brasil foi rotineiro: a banda, jogadores nacionais e uma parte da torcida. Quando começou a Marselhesa, senti um arrepio na espinha.

Desde criança ouvi o mesmo hino como apelo à luta e à vitória. Além do mais, o estádio inteiro cantava os versos famosos: "Allons enfants de la patrie...". O dia de glória tinha chegado para eles. O estádio inteiro parecia evocar a Resistência durante a Guerra e a libertação final. Ou a queda da Bastilha.

Essas recordações parecem sem importância quando se trata de um simples jogo de futebol. Mas, logo no início, vimos que a França estava com a Marselhesa e a cachorra. No final do primeiro tempo, com 2 a 0 no placar, encontrei Chico Buarque com a cara devastada, igual à minha. Depois veio mais um gol da equipe de Zidane. Vi de perto o presidente Chirac pulando no camarote com a bandeira francesa enrolada no corpo.

De cabeça inchada, aceitei a carona de Sérgio D’Ávila, pegamos um trânsito infernal, levamos duas horas e meia para chegarmos a Montparnasse. Já era madrugada quando voltei ao hotel e comecei a preparar as malas para a volta. Estava conformado, mas triste, triste de não ter jeito. Perder não é nada, o chato é não vencer.

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