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Rio de Janeiro – Com exceção dos últimos dias (a onda de violência em São Paulo), a imprensa está dedicando 75% de seu noticiário aos fatos, feitos, festas e fastos da vida política, o setor que menos me interessa, mas ao qual sou obrigado a ceder eventualmente, inclusive porque envolve figuras e eventos que acho interessantes – não por sua importância, mas por seu ridículo.

Outro dia, fui provocado por um sujeito que se diz meu leitor e que concorda comigo num único ponto: que nada entendo de política. Para prová-lo, pediu que me submetesse a um teste, que eu aceitei constrangido.

Ele deu o nome de alguns congressistas, perguntando-me a qual partido ou a qual linha de pensamento pertenciam. Dos dez nomes apresentados, só acertei um, o de Fernando Gabeira, que é de esquerda, mas errei o nome de seu partido, dizendo que era "Partido Ecológico", quando devia ter dito Partido Verde.

Pior mesmo foi um teste sobre conhecimentos gerais. Perguntava qual o nome das células com (ou sem) núcleo – para mim dava no mesmo. Fiquei pasmo com a minha ignorância. Apesar dos anos que tenho de leitura e de manuseio de dicionários, não sabia que existiam as tais palavras. Desconfiava que as células deviam ter núcleo, tudo deve ter um núcleo, núcleo de poder, núcleo do pensamento disso ou daquilo, núcleo do Sol e de outras estrelas, que, segundo Dante, são movidas pelo amor.

As palavras em questão eram: desoxirribonucleico, eucariontes e vivíparas. Excetuando esta última, com a pronúncia proparoxítona, da qual tenho vaga idéia, às outras era apresentado pela primeira vez. Entendendo-as ou não, invejo cordialmente aqueles que inventam essas palavras. Proparoxítona é uma delas.

Invejo também aqueles que dão nome aos remédios. Tirante o melhoral, que é óbvio, há nomes tão complicados e estranhos que nem sei como os médicos se lembram deles na hora de curar ou de não curar os clientes.

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