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Rio de Janeiro – "O Brasil não tem jeito". Umas pelas outras, as principais colunas do jornalismo brasileiro, e sobretudo as cartas dos leitores às redações e os desabafos irritados vindos pela internet, acentuam a característica nacional de não ter "jeito", no sentido de que nada muda em nosso DNA. Não adianta fazer muita força, porque não temos vergonha na cara, não temos jeito, enfim.

No fundo, temos jeito até demais, independente daquele jeitinho incorporado em nossa vida pública e particular. Há sempre um jeitinho para obras sem licitação, aumento de despesa fora do orçamento, perdão fiscal para isso e aquilo. Na vida de cada cidadão, os descontos no Imposto de Renda, a conversa com o guarda que quer multar porque estacionamos em local proibido.

Um dos argumentos que usamos para expressar o nosso jeito é lembrar que "estamos no Brasil", e não na Suécia, onde os pedestres só atravessam as ruas nas faixas e as cerimônias começam e acabam na hora combinada.

Há países que conseguem a proeza de serem mais desorganizados do que o Brasil, mas nem sempre dão certo, com exceção talvez da Itália. Musssolini dizia que não era difícil governar os italianos, era inútil. Não chegamos a isso, tampouco chegamos ao Primeiro Mundo a que, bem ou mal, a Itália chegou, apesar da desastrada guerra em que se meteu do lado errado.

Nesse ponto, o jeitinho nos livra de quebrar a cara por aí, no atacado. Quebramos a cara no varejo, mas vamos em frente, reclamando do jeitinho dos outros e praticando o nosso próprio jeitinho em causa própria.

Bom exemplo desse jeitinho foi dado agora por Lula para formar o ministério. Por pouco não mandava Marta Suplicy para a embaixada no Vaticano. Mandou-a para o Turismo, que vem a dar mais ou menos na mesma.

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