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No apartamento do editor Roberto Feith, durante um jantar, Marcelo Rubens Paiva me revela que esteve em Nova Iorque, onde visitou o museu dedicado ao Titanic – aos restos do Titanic, bem entendido. Sucessivas expedições, das quais já resultaram filmes e documentários, foram feitas ao fundo do mar, tantos mil metros abaixo da superfície. Para trazer, entre outras coisas, colherinhas de prata e pires que naufragaram em companhia de mil e tantos mortos.

Tanto Marcelo como eu nos admiramos de como a humanidade do século 21 se interessa por um naufrágio dos inícios do século passado. É um mito, o Titanic, que já gerou e continua gerando titanicólogos, entre os quais, parece que o Marcelo se incorporou.

Não sei não, mas não gostaria de ver os restos de um navio que bateu num iceberg, mas as sobras do rapto das Sabinas, da noite de São Bartolomeu, da degola de crianças promovida por Herodes e, mais inocentemente, saber onde estão os restos de Dana de Tefé, que morreu por aqui mesmo e cujos ossos, apesar de muito procurados, nunca foram encontrados.

Mistérios há. Não apenas no Titanic, mas em toda parte. E também não apenas na base do "quem matou Lineu" numa novela das oito, ou o obelisco ali no fundo de Ipanema que ninguém sabe para o que serve.

Há morbidez em qualquer curiosidade e eu próprio visito Pompeia frequentemente para ver os estragos do Vesúvio. Um imperador romano que tomou Jerusalém foi profanar o Santo dos Santos do Templo, local sagrado por excelência, no qual só entravam os Grandes Sacerdotes em determinados dias do ano. A intenção dele era desmitificar a religião daquele povo que frequentemente se revoltava contra o jugo de Roma. Ficou decepcionado: ali não havia nada.

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