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Se o mais rico estado brasileiro elegesse governador um ex-halterofilista, ex-ator e estrangeiro, dá para imaginar as críticas à falta de consciência do eleitorado. Se este governador cheio de músculos obrigasse o funcionalismo a não trabalhar três dias por mês – e consequentemente não receber – como forma de reduzir um déficit anual de quase um terço da soma de suas receitas, seria provavelmente ridicularizado. Mas "na Califórnia, é diferente, irmão", como entoa a canção de Lula Santos e Nelson Motta.

O austríaco Arnold Schwarze­­negger foi Mister Mundo (campeão de exibição de músculos) e consagrou-se no cinema como ator em um papel sob medida: um robô incapaz de exprimir emoções em O Exterminador do Futuro.

O governador da Califórnia foi uma das atrações da semana em Copenhague ao defender – com José Serra e autoridades da Nigéria, da Argélia, do Canadá e da França – ações dos governos estaduais pela preservação do ambiente.

Nada de mais que Schwar­­zenegger tenha pronunciado em espanhol o nome do governador de São Paulo – é piada pronta dizer que ele imagina que a capital do Brasil seja Buenos Aires – ou que tenha aproveitado a entrevista em Copenhague para lembrar que na infância teve o apelido de "patinho feio".

No filme de 1984, Schwar­­zenegger atingiu o ápice interpretativo em duas frases: "Eu voltarei!" (à procura de alguém para matar) e Hasta la vista, baby (pouco antes de matar alguém). Ou seja, é difícil imaginar pior performance em Copenhague – e o Brasil pode estar seguro de que os coletes multicoloridos do ministro Carlos Minc terão concorrência à altura por lá.

A COP-15 é uma ilha de temas relevantes e homens públicos sérios, cercada de tolos, oportunistas e ingênuos por todos os lados.

Excepcionalmente, o cronista Plinio Fraga substitui Carlos Heitor Cony

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