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O fedor que vem dos palácios – estejam no trono Arruda, P.O. ou Kassab – não permitiu muita discussão sobre as 342 pessoas fichadas na polícia sob acusação de praticar ato obsceno depois de terem feito xixi na rua durante o carnaval carioca.

A cada uma hora e meia uma pessoa é assassinada no estado do Rio; a cada quatro minutos ocorre um roubo; a cada duas horas um carro é furtado. Será que a polícia não tem mais o que fazer do que fichar quem urina em espaço público?

É claro que regras de civilidade têm de ser respeitadas. O carioca tem mais chance de andar, por exemplo, pela Lapa, na região central, e não ser assaltado do que de escapar do odor de amoníaco provocado pela ação das bactérias na urina que lava calçadas do bairro.

Estimativas nada precisas apontam que 4 milhões de pessoas brincaram o carnaval nas ruas do Rio. Tendo à disposição 4.000 banheiros químicos, formam a média de um banheiro para cada mil foliões, o que daria uma espera de 17 horas para o último usuário, se cada um de seus antecessores demorasse um minuto na casinha.

Entre os poucos banheiros químicos, ainda havia o problema da limpeza. Deixados sob o sol por uma semana, viraram uma bomba de mau cheiro a 50ºC. Será que o prefeito Eduardo Paes usaria um? Ele foi visto tocando bateria, abraçando Madonna, mas não se aventurou a entrar neles.

Ninguém pode ser a favor da fedentina generalizada, e uma campanha educativa contínua – nas ruas, nas escolas, na TV – talvez faça mais efeito para combater um mau hábito que vem pelo menos do século 18, como escreveu Lilia Schwarcz. Mas, se o prefeito não faz a sua parte em oferecer banheiros em número suficiente e limpos, não vale mandar prender se surgir em 2011 o bloco "Xixi em Paes".

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