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A gente fica falando só de política, como se o mundo se resumisse a ela, mas na verdade os efeitos da política na vida real são muito piores que os que acontecem apenas entre quatro paredes desenhadas pelo Niemeyer. As besteiras inventadas pelos políticos, frequentemente com o objetivo único de ajudar financeiramente algum amigo – quem enriqueceu com os extintores ABC que atire a primeira pedra – ou fazer média com algum grupo de pressão de bolsos fundos, acabam atrapalhando a vida da população como um todo.

É por isso que resolvi lembrar apenas algumas dentre tantas consequências indesejadas dos horrores perpetrados pela Gerenta Incompetenta, ora felizmente em busca da porta de saída. Imaginemos como seria melhor um mundo em que os malfeitos se desfizessem sozinhos quando da saída de cena de quem os causou!

As besteiras inventadas pelos políticos acabam atrapalhando a vida da população como um todo

Alguns poucos minutos após a triunfal (para o povo) descida da rampa do Planalto, um ruído agudo soaria, muito suavemente, por todo o país. São as tomadas, saindo assustadas do fundo dos buracos em que foram escondidas. Ao chegar à altura do resto da parede, elas olhariam em torno, felizes, e seu sorriso restauraria nelas as ranhuras em que sempre se pôde encaixar tomadas de produtos importados, sem precisarmos de caríssimos e perigosos adaptadores.

As ideias e linguiças também correriam à chapelaria, felizes, para ter de volta acentos e tremas, arrancados sem anestesia pela deforma ortográfica perpetrada pela Incompetenta. Lá elas encontrariam, já experimentando contente um circunflexo furta-cor novinho em folha, o “voo”, que por ter ido voando chegara primeiro, e a dupla de irmãos “para” e “pára”, finalmente diferenciados novamente pelo acento que lhes fôra (com acento; foi um serviço feito por alguém de dentro, não de fora) roubado.

Da prateleira debaixo da pia, ruídos normalmente associados a academias de musculação soariam em quase todas as casas: seria o álcool, fortalecendo-se, tornando-se novamente capaz de acender churrasqueiras, limpar vidros decentemente e manter aquecidos os fondues do inverno que se aproxima.

De Minas ao Espírito Santo, borbulhas aos borbotões assinalariam a volta à vida do Rio Doce, de onde os metais pesados, assim como qualquer outro gênero musical predominantemente urbano, retirar-se-iam para deixar reinar o plácido silêncio de antanho.

E, finalmente, os jogadores da seleção brasileira acordariam assustados com os próprios penteados e queimariam numa imensa fogueira as fantasias de palhacinhos de circo com que se vestiam, as chuteiras coloridas e demais adornos incongruentes. Imediatamente, eles passariam a interessar-se por mulheres, e sete bolas voltariam – num vôo acelerado pelo circunflexo – para a Alemanha.

Seria bom.

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