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Na nossa sociedade imediatista, quando se fala de filhos, normalmente, pensa-se em crianças pequenas. Bebezinhos tão lindos quanto o que tive a alegria de ver ontem, criancinhas de 3 ou 4 anos, ou até mesmo molequinhos de 10. Esquecemo-nos que a criança é uma pessoa, um membro da sociedade em preparação.

Desde que se formou, ainda no ventre da mãe, ele já é único, já é a mesma pessoa que será por toda a vida: seu código genético vem dos pais, mas sua personalidade é única. Cada bebê, desde o útero, comporta-se de uma maneira. A nós, pais, cabe educá-lo (termo latino que significa "levar para fora": para fora do útero, para fora da casa), preparando-o para que seja o melhor homem ou mulher que pode ser. Aquele serzinho, tão ocupado em transformar leite em cocô, será um dia um adulto. Irá se apaixonar, casar, continuar as gerações, perpetuar a humanidade.

O bebê de hoje, no que parece um piscar de olhos, será a criança de amanhã, o adolescente de depois de amanhã, o adulto que dirige, bebe, trabalha, casa-se e constrói a sociedade. É por isso que costumo dizer que nós, pais, somos sócios atletas da sociedade. Até termos um filho nosso horizonte é forçosamente limitado: quantos anos mais ainda viveremos? Com um filho, contudo, nosso horizonte se dilata ao infinito: em que mundo viverá meu filho? E meu neto, bisneto, toda a minha descendência, mesmo aqueles que não chegarei a conhecer?

É importantíssimo que os pais se deem conta disso: o que eles estão criando não é uma criança, mas um adulto em potencial. A criança deve ser educada para sair do útero, sair de casa, tornar-se uma mulher ou um homem capaz e forte. O que se tem em mãos, aquela responsabilidade absurda que foi-nos posta nas mãos, não é o mero cuidado de um bebê, como se ele fosse uma espécie de mascote que sempre permanecerá naquele estágio de desenvolvimento. Devemos cuidar não da criança, e sim de seu desenvolvimento, de seu crescimento físico, mental, moral e espiritual. Fazer dela tudo o que ela pode vir a ser, não meramente festejar o que ela já é.

Não há maior responsabilidade. Ali estão infindas gerações por vir. Aquela pessoinha única é o futuro: a família que se perpetua e leva seu nome pelos séculos afora, a sociedade que se modifica para o bem e para o mal, a herança de milênios de cultura ocidental que é seu direito receber e será, mais tarde, seu dever transmitir. Somos nós que criamos uma mulher forte ou uma mosquinha morta, subjugada e temerosa; um homem corajoso ou um covarde.

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