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Domingo passado tivemos mais uma rodada nacional de manifestações. O moto era unânime: “Fora Dilma, fora PT”. Alguns poucos iam mais longe, pedindo uma monarquia, um governo militar, sei lá. Os radicais são irrelevantes, e não é surpresa que as multidões sejam de classe média: afinal, a política representativa no Brasil só existe para a classe média. Os realmente ricos fazem conchavos diretamente com governantes, e os pobres ignoram até mesmo quem ocupa este ou aquele palácio, ou qual venha a ser a função de um deputado. O Tiririca até ficou de explicar quando descobrisse, mas parece que esqueceu, ou concluiu ser melhor calar-se.

É essa mesma classe média furibunda que compunha o eleitorado fiel do PT. Ao contrário da lenda petista, não havia proletários no partido, cujos votantes ideológicos eram de classe média, ainda que se crendo talvez vanguarda do proletariado. O PT é – ou foi – fruto da ocupação de espaços pela esquerda durante os governos militares, da dominação das universidades – logo, do MEC, da formação dos professores, do currículo das escolas. Quanto mais cara é a escola, mais chance há de os professores serem petistas fanáticos ou membros de partidecos ainda mais radicais (PSol, PSTU, PCO etc.). A mesma mágica foi feita na Igreja brasileira, com a ascensão do clero “libertador” que ainda domina várias dioceses, apesar do trabalho dos últimos papas para alijá-los.

Quanto mais cara é a escola, mais chance há de os professores serem petistas fanáticos ou membros de partidecos ainda mais radicais

Tendo conquistado o governo, porém não o poder – nas imortais palavras de frei Betto, um dos artífices da mágica que mencionei acima –, o PT transformou-se em versão anabolizada do populismo podre que vigora nos grotões desde a República Velha, com a estrela vermelha do comunismo fazendo as vezes do esgar bilontra do Pai dos Pobres. Uma farta distribuição de tostões alugou a lealdade dos menos favorecidos, enquanto quantias muito mais substanciais fizeram o mesmo na oligarquia política. Nesta, ainda, o assassinato de reputações serviu como incentivo negativo: quem não se acomodasse ao PT era perseguido, quem se acomodasse enriquecia a olhos vistos. Sarney, Maluf e demais figurinhas carimbadas do patrimonialismo populista tornaram-se petistas desde criancinha, exibindo claramente sua maestria em saber de que lado o vento soprava.

Agora, porém, o Estado está à beira da falência, tendo de cortar os tostões com que alugaram os mais pobres por algumas eleições. A classe média está nas ruas contra o PT, com a exceção de meia dúzia de jornalistas e professores que dedicaram a vida a uma mentira e agora têm enorme dificuldade em denunciá-la. Ao PT só resta tentar usar o que lhe resta de dinheiro (nosso) para alugar mais alguns políticos por mais um tempinho.

Não há como dar certo.

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