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Hoje nos encontramos com São Pedro curando um coxo que pede esmola na porta do Templo de Jerusalém, chamada "Formosa" (At 3,13-15). O gesto extraordinário que ele cumpriu desperta admiração e curiosidade entre as pessoas que assistiram ao fato. Essas se perguntam, pasmadas: são os apóstolos curandeiros, dotados de poderes extraordinários e misteriosos? Ao contrário dos bruxos dos nossos dias, que nós bem conhecemos, que fazem questão de atribuir a si mesmos o poder de operar prodígios, Pedro esclarece imediatamente a todos que a cura por ele realizada não deve de forma alguma ser atribuída ao seu poder ou a sua santidade. Ele continua afirmando que o que aconteceu é resultado da fé em Cristo e, portanto é um sinal evidente que Cristo está vivo.

Em que sentido a cura de um coxo prova que Cristo ressuscitou? Talvez porque se trata de um milagre extraordinário que ninguém consegue fazer? Se fosse assim, nós, que não estamos em condições de realizar tais prodígios, não poderíamos ser testemunhas da ressurreição. Nos seus discursos, Pedro repete continuamente, como se fosse um refrão: " Nós somos testemunhas!" Eles e os outros apóstolos sentem-se testemunhas da ressurreição porque as obras que realizam provam, de forma inquestionável, que Cristo está vivo.

O que fazia Jesus quando estava neste mundo? Pregava o evangelho e agia em favor dos homens. Ensinava o caminho da vida e curava os doentes, dava de comer a quem tinha fome, recuperava o que estava perdido. Ora se todas essas coisas continuam acontecendo, hoje, com a mesma força e o mesmo poder, é sinal que Jesus está vivo, que continua agindo e que seu Espírito está presente no mundo. Nós também podemos ser testemunhas que Cristo está vivo: é suficiente que lhe permitamos cumprir, por nosso intermédio, as suas obras de salvação. Ele certamente está vivo se a sua mensagem de salvação continua sendo anunciada, se a fome, o sofrimento, a doença, continuam sendo vencidos, se " os coxos" continuam sendo curados.

A cura do coxo é um sinal de que até mesmo a pessoa mais "aleijada", mais "paralítica" sempre pode encontrar o caminho de volta, guiado pelo Espírito do Ressuscitado. E o caminho que Pedro propõe aos seus ouvintes para "retomar o rumo" é este: antes de tudo é preciso tomar consciência dos males cometidos e em seguida mudar de vida. O seu convite não é só dirigido aos que mataram Jesus, mas a cada um de nós. Certamente nós pensamos que jamais teríamos sido culpados de crime tão hediondo.

Na verdade, porém, nós repetimos o mesmo erro quando, movidos pela inveja, "matamos" nosso irmão com a calúnia, quando, por motivos de ciúmes, provocamos a sua dispensa do emprego ou quando envenenamos um sólido amor entre os esposos ou entre namorados ou quando nos omitimos diante de alguém que foi caluniado injustamente. Acreditar na ressurreição do Senhor exige do homem uma mudança radical na sua maneira de pensar e de viver.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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