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Conforme antiga tradição da Igreja, hoje celebramos, de modo especial, os nossos mortos. Fazemos essa memória no Mistério Pascal de Jesus, que venceu definitivamente a morte. Todos os que pelo Batismo são incorporados a Cristo, com Ele ressuscitarão dentre os mortos à semelhança da sua ressurreição. Neste dia, damos graças ao Pai porque experimentamos em nossa realidade esse mistério da vida que passa pela morte e podemos viver em comunhão com tantas pessoas queridas que vivem agora a plenitude da vida partilhada conosco, precedendo-nos no caminho da fé. A Palavra de Deus é um apelo para sermos pobres em espírito e nos propõe o aspecto dinâmico do ser humano: buscar a inteireza do ser.

Expressa muita exigência e não apenas desprendimento dos bens materiais. Ser pobre "em espírito" nos leva a transformar a referência de uma situação econômica e social em uma atitude de aceitar a Palavra de Deus. Esse é um tema central das Sagradas Escrituras, o qual nos convida a viver em total disponibilidade a vontade de Deus e fazer dela nosso alimento. É uma atitude de filhos e filhas, irmãos e irmãs dos demais filhos de Deus. Ser pobre em espírito é ser discípulo de Jesus Cristo.

O discipulado exige abertura ao dom do amor de Deus e solidariedade preferencial com os pobres e oprimidos. As demais bem-aventuranças referem-se a outras atitudes do discípulo, do pobre: bom trato, aflição pela ausência do Senhor, fome e sede de justiça, misericórdia, coerência de vida, construção da paz, perseguição por causa da justiça. Elas enriquecem e aprofundam a primeira bem-aventurança. Neste dia de esperança, de comunhão com quem amamos e continuamos amando, mesmo sem a presença física, a Ressurreição de Jesus é uma luz cintilante para nossa vida na fé. Temos certeza de que todo o mal já foi vencido e somos aguardados por um futuro onde a morte não existirá mais.

É essa também a certeza que temos quanto a nossos pais, irmãos, amigos e todos os que adormeceram no Senhor. Temos que construir o novo céu e a nova terra durante o tempo de nossa história, mas temos confiança de que quem morreu guardando a fidelidade a Jesus Cristo já pode usufruir do novo céu e nova terra sem fim.

Antecipamos nossa participação na assembléia celeste com todos os irmãos e irmãs que partiram, os santos e santas que entoam incessantemente a Deus o louvor pascal e que resplandecem como faíscas luminosas, provados como o ouro no cadinho. Hoje ouvimos três versículos do livro do Apocalipse com uma revelação preciosa: "Pronto! Está feito! Acabou! Eis que faço novas todas as coisas. Eu sou o começo e o fim. O vencedor receberá a herança"! Quando aparecer acabado,novas coisas surgirão, e quem manter-se fiel receberá sua herança. Será tudo novo, sem dor, sem choro, sem luto. Nem morte haverá.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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