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Para coroar o ano litúrgico, celebramos o solene encerramento, a festa de Cristo Rei. Jesus é apresentado como rei nosso e do universo. Mas o que significa chamar Jesus de Rei? Ele é "Filho de Deus", chamado a exercer o reinado em obediência a Deus, o único Senhor. Seu governo tem alcance além da morte, além do mundo; e este domínio que supera tudo, Ele o abre para o pecador que se converte, o "bom ladrão" crucificado a seu lado. Jesus não é rei sobre um determinado pedacinho de nosso planeta, mas submete a si a morte e o pecado. Tudo o que existe para a glória de Deus, de modo especial a Igreja, encontra em Jesus o seu chefe, sua cabeça. Ele é rei pelo seu sangue redentor, pelo dom de sua vida, que vence o ódio, o desamor, o pecado.

O evangelista Lucas acentua o reinado de Cristo sobretudo na história da infância e na narrativa da paixão, onde o paradoxo da cruz parece contradizer o título real. A inscrição da cruz: "Rei dos judeus" torna-se escárnio na boca dos espectadores. Um dos facínoras crucificado a seu lado insulta Jesus por seu messianismo, mas o outro acredita e, com a tradicional oração de Israel, "lembra-te de mim", pede para ser admitido no Reino; já imagina Jesus no Reino. A resposta de Jesus é: "Hoje..."! O Reino já começou, na hora da doação até a morte. Na cruz, Jesus atrai todos a si, em primeiro lugar os pecadores. Estamos aos poucos descobrindo que o Reino de Deus, inaugurado por Jesus, deve ser implantado aqui na terra, na justiça e no amor fraterno.

Mas não devemos perder de vista a dimensão eterna deste reino. Ele supera as realidades históricas, "encarnadas". Ele atinge a relação mais profunda e invisível entre Deus e o homem. Ele é universal, não apenas no tempo e no espaço, mas sobretudo na profundidade, na radicalidade. O projeto de Deus que Jesus veio definitivamente pôr em ação, não termina no horizonte de nosso olhar físico.

Seu alcance não tem fim. É uma grandeza que vence todo o mal, muito além daquilo que podemos verificar aqui e agora. É um reino que não apenas conquista o mundo, mas muda a sua qualidade. Por isso dedicamos-lhe todas as nossas forças e não ficamos de braços cruzados. Este reino supera o pecado, como Jesus mostra, acolhendo o "bom ladrão". Pois é reino de amor. Porém, não legitima o pecado: Zaqueu, depois que se converteu, começou vida nova. Se o bom ladrão tivesse continuado com vida, deveria ter mudado radicalmente o seu modo de viver. Assim, para participarmos, já agora, deste reino de amor, justiça e paz, devemos deixar acontecer em nós a transformação que Jesus iniciou e pela qual Ele deu a sua vida.

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