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Todos somos chamados à participação na busca do bem comum. Se muitas estruturas atuais geram a pobreza é por falta de responsabilidade política, econômica e cultural. A realidade de nosso país mostra que há no mundo político, comunicativo e universitário, uma ausência muito grande de líderes com forte personalidade e coerentes na sua vocação corrente com convicções éticas e morais. Entre os sinais de preocupação, destaca-se como um dos mais relevantes, a concepção do ser humano, homem e mulher. Agressões à vida, em todas as suas instâncias, em especial contra os inocentes e desvalidos, pobreza aguda e exclusão social, corrupção e relativismo ético, entre outros aspectos, um ser humano fechado a Deus e aos outros.

Constata-se um laicismo exagerado e um relativismo ético, propostos como fundamento da democracia, animando fortes poderes que pretendem afastar toda a presença e contribuição da Igreja na vida pública, pressionando-a para que permaneça nos seus templos e serviços religiosos.

Consciente da distinção entre comunidade política e comunidade religiosa, base de uma sã laicidade, a Igreja não cessará de preocupar-se pelo bem comum do povo e em especial, pela defesa dos princípios éticos enraizados na natureza humana. São os cristãos-leigos, conscientes de sua vocação de atuar no mundo como fermento na massa que devem construir uma cidade temporal de acordo com o projeto de Deus. A coerência entre fé e vida no âmbito político, econômico e social exige uma formação de consciência baseada na Doutrina Social da Igreja.

Todos os que desempenham um função na política e economia sofrem o influxo de uma cultura freqüentemente dominada pelo materialismo, pelos interesses egoísticos e uma visão do homem contrária à visão cristã. Por isso todo cristão deve construir em torno de si um consenso moral sobre os valores fundamentais que tornem possível a construção de uma sociedade justa. Imaginemos quão necessária seria a integridade moral dos políticos! Existe muita miséria e pobreza por problemas endêmicos de corrupção.

Quanta disciplina de integridade moral precisamos! Entendemos por ela, um autodomínio para fazer o bem, servir à verdade e ao desenvolvimento de nossas tarefas, sem deixar-nos corromper por favores, interesses e vantagens. Necessita-se de muita força e perseverança para conservar esta honestidade que deve nascer de uma educação livre do círculo vicioso da corrupção reinante. Realmente faz-se necessário muito esforço para avançar na criação de uma verdadeira riqueza moral que nos permita prever o nosso futuro.

A Igreja quer acompanhar os construtores da sociedade como responsável para formar as consciências, ser advogada da justiça e da verdade, educar nas virtudes individuais e políticas. Quer convocar à responsabilidade dos cristãos-leigos para que estejam presentes na vida pública e mais concretamente na formação dos consensos e na oposição contra as injustiças.

Dom Moacyr José Vitti CSS é arcebispo metropolitano.

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