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O episódio narrado no evangelho deste domingo, aconteceu poucos dias antes dos acontecimentos da última Páscoa de Jesus. Um grupo de gregos, isto é, um grupo de estrangeiros que se havia convertido à religião judaica tinha ouvido falar de Jesus e queria encontrá-lo. Recorreu então a Felipe, este falou com André e os dois levaram a solicitação a Jesus. O fato em si é bastante corriqueiro, mas para o evangelista assume um sentido simbólico importante. Para poder entendê-lo é preciso lembrar, antes de tudo, que para ver Jesus não quer dizer contemplá-lo com os olhos, mas quer dizer conhecê-lo em profundidade, descobrir quem Ele é realmente. O grupo dos gregos, portanto, não deseja saber quais as feições que Jesus tem, se é alto, se usa barba, se é simpático: o que lhes interessa é muito mais; querem penetrar no íntimo da sua pessoa.

Há, ainda, alguns pormenores significativos que devem ser sublinhados. A primeira frase do evangelho nos leva a supor que esses estrangeiros tinham percorrido um longo caminho espiritual, antes de sentir a necessidade de encontrar Jesus. Que caminho? Antes eram pagãos, adoravam os ídolos, entregavam-se a práticas supersticiosas; um dia, porém, conheceram o Deus de Abraão, acreditaram e aceitaram a religião hebraica.

Por ocasião da Páscoa, subiram a Jerusalém, não para fazer turismo, para entregar-se a divertimentos ou para ratificar se as moças da capital eram bonitas; vieram para rezar, para encontrar-se com Deus e para descobrir o que Ele quer ainda deles. No templo, eles tomam consciência que ainda não alcançaram o patamar espiritual para o qual o Senhor os convoca. Sentem que Deus quer que se dirijam a Cristo. Existe ainda um pormenor: eles não se dirigem diretamente a Jesus, mas passam pelos seus discípulos, porque esta é a única possibilidade que existe para poder encontrá-Lo. E não recorrem a qualquer um dos apóstolos, mas se dirigem a Felipe e André, os únicos entre os apóstolos que têm um nome grego e por isso os consideram mais apropriados para servir como mediadores.

O grupo dos gregos que quer ver Jesus representa todos os pagãos que querem conhecer Cristo. Também os catecúmenos de nossas comunidades, antes de receber o anúncio do evangelho, seguiam outros deuses. Certo dia, porém, sentiram a necessidade de descobrir a face de Jesus e alguém os conduziu até Ele. Ninguém se torna cristão sem passar através de algum discípulo que lhe fale de Cristo. Pois bem, a quem deseja ver Jesus, Ele manifesta sua verdadeira face, uma face que nos perturba, porque é aquela de alguém que exige do seus discípulos uma generosidade total como a sua. Diante dessa exigência, provavelmente somos tentados a nos inclinar para uma religião muito mais simples, que se reduz à recitação de algumas orações e à celebração de alguma cerimônia. Seguir Cristo não é fácil; Ele também diante da morte "ficou perturbado", mas não fugiu, não se escondeu e, quando chegou a sua hora, mostrou a todos como era grande o seu amor.

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