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Seria bom se a engenharia trabalhasse somente resolvendo problemas das pessoas, mas muitas vezes o conflito entre o nosso desejo e o do engenheiro é parte do problema.

A coleta e uso de água da chuva, por exemplo, é um dos poucos consensos para a melhoria das cidades. Se mais casas estocassem água da chuva, os alagamentos seriam menores, assim como a extração em rios e aquíferos. A conta de água também ficaria menor

Então por que é tão complicado? Recentemente passei da teoria à prática com a água da chuva. Assim como com o parto natural, todos engenheiros são a favor da coleta de água da chuva, mas na hora H, qualquer motivo vale para usar o caminho mais "fácil". No caso do recente parto normal conseguimos driblar o obstetra. O aprendizado tem sido útil para a construção da casa.

Bastou começar a obra para ouvir:

– Você sabia que a água de seu sanitário vai ficar escura?

Para esta, eu mesmo respondi:

– Que ótimo! Todos vão saber que usamos água da chuva, quem sabe mais alguém se anima?

Depois veio:

– Mas e a energia elétrica para bombear a água?

– Vou colocar as caixas no telhado, não vai ter bombeamento.

– Mas e a estrutura da casa?

Se você quer ter um filho com parto normal ou coletar água da chuva em uma construção sem que isso seja obrigatório por lei, prepare-se para uma conversa a favor e uma prática contra.

Tendo resolvido os problemas mais imediatos, veio o tamanho da cisterna. Imaginei que uma geração de pesquisadores já teria experimentado cisternas grandes e pequenas, com tamanhos variados de telhado, em climas com chuvas mais esparsas ou frequentes. Não consegui encontrar ninguém que tenha pensado nisso, então fiz eu mesmo.

Consegui as chuvas diárias em Londrina e São Paulo nas últimas décadas e fiz a conta, dia a dia, de quanta água teria em uma cisterna com tamanhos variados, recolhendo água da chuva em três tamanhos de telhado e com consumo também variável (entre 3.000 e 5.000 litros/mês). Consegui saber quantos dias a cisterna ficaria seca em cada um desses casos.

Você pode ter uma ideia das dimensões envolvidas pelos casos extremos. Uma cisterna de 10.000 litros, mesmo em uma casa com consumo de 5.000 litros e telhado de 100 m², não fica nunca um dia sem água. Com o mesmo consumo e tamanho de telhado, mesmo uma cisterna minúscula, de 1.000 litros, teria tido água dois terços do tempo. Ou seja, mesmo com uma coleta muito pequena, você divide por três seu consumo de vaso sanitário, lavagem de calçada, de carros, etc.

Se conhecessemos melhor, poderíamos até pensar em tratamentos simples, como filtragem ou decantação para tomar banho e lavar pratos com água da chuva. Você já lavou seu cabelo com água sem cloro?

Depois disso tem o povo que acha que você é milionário por estar disposto a gastar um pouco com uma ideia nova. Você sabe quanto custa um filtro para água de chuva? Há razão para uma tela metálica custar dez vezes mais que um chuveiro elétrico?

Aguarde os próximos episódios do desenrolar desta novela, mas se você quiser conhecer os detalhes da conta do tamanho da cisterna para coleta da água da chuva, veja em http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com

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