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Minha semana foi só resíduos orgânicos. Longe de uma Bela M..., transformar resíduos em fertilizantes é uma ideia que me acompanha desde tenra idade, quando um professor de microbiologia me mostrou suas transparências que já eram antigas na década de 80.

Desde então tenho compostado toda sorte de resíduos nas situações mais variadas, e isso tem me divertido muito, talvez exatamente porque nunca fiz disso profissão. Mas nesta semana parece que não fiz outra coisa, a começar pelo livro Agricultores de Quarenta Séculos, de 1911, sobre a agricultura na China, Japão e Coreia.

Entre tantas curiosidades do começo do século, o professor King fala da extrema hospitalidade dos agricultores com os viajantes. Não por altruísmo, mas pelo egoísmo esperançoso que o viajante use o banheiro e assim adube o solo.

Todos conhecemos o desenrolar dessa história. Os próprios agricultores chineses não compartilham meu fervor pela reciclagem de resíduos orgânicos e querem a todo custo ir para a cidade produzir quinquilharias desnecessárias. Não é que devamos viver como os agricultores do começo do século passado, mas usando as ideias que permitiram alimentar muita gente por 40 séculos, teríamos condição de fazer muito melhor do que temos feito.

Na aula de segunda-feira, também sobre compostagem, um aluno me perguntou sobre os coliformes fecais na agricultura baseada em excrementos humanos. Coliformes são seres vivos como qualquer um de nós. Quando ele morrer (tanto o aluno quanto o coliforme), deixará de ser ele para ter seus minerais incorporados ao solo. Coli­formes fecais são indicadores de lançamento de fezes. Eles indicam se há risco de transmissão de doenças, mas não são eternos. Se você trata os resíduos adequadamente por meio de compostagem ou incorporação no solo longe da água, os coliformes vão aos poucos morrendo até desaparecerem.

Muito mais difícil é dar cabo dos coliformes depois de caírem na água. O vaso sanitário é uma maldita invenção da época vitoriana que nos tornou dependentes de diluir nossos resíduos em água potável, mas há ao menos uma pessoa no mundo que não contribui para esta poluição. Todo o cocô de meu filho Pe­­drinho vai para a composteira de nosso apartamento, onde é degradado e depois de horas não existe mais, sem moscas nem cheiro.

Espero que este exemplo surta o mesmo resultado das velhas transparências do meu professor, para que no mundo do Pedrinho juntemos o melhor da modernidade com algumas ideias antigas que tornaram possível uma agricultura sustentável por 40 séculos.

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