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Chegou na semana passada mais uma versão de um texto que tem flutuado bastante na internet, em que uma senhora idosa discursa para um caixa de supermercado como sua geração era mais preocupada com o ambiente. Coloquei um link em meu blog http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/ se você quiser lê-lo na íntegra.

Além de alimentar um desnecessário conflito entre gerações, o texto não menciona o quanto que as pessoas reclamavam para, por exemplo, cortar a grama com um cortador movido a muque. De fato, éramos mais ambientalistas há 20 anos, mas por falta de opção. Quando passamos a poder jogar fora as embalagens em vez de retorná-las, poucos, muito poucos de nós, não adotaram a novidade.

Me mostre uma pessoa que use hoje navalha, caneta tinteiro, fralda de pano e tenha uma tevê do tamanho de um lenço e eu tiraria o chapéu.

Alguns antigos mantêm há­­bitos positivos, por isso costumo chamar a sacola retornável de sacola da vovó, que é mais simpático e sedutor com os mais velhos, que costumam também ser os mais resistentes. Mas cá entre nós: a sua avó usa sacola retornável?

Mais elaborado é o protesto de Joseph Herscher, com sua inacreditável máquina de virar páginas de jornal. A máquina é uma sucessão de bolinhas que rolam, objetos que caem e alavancas que após uma enorme e improvável sucessão de eventos termina por fazer a óbvia tarefa de virar uma página de jornal, veja o vídeo no Youtube.

A geringonça, chamada de ecomachine é, segundo seu au­­tor, um protesto contra tantas coisas desnecessariamente com­plexas ao nosso redor.

Em minha cidade, por exemplo, uma companhia de ônibus se vangloria de desligá-los nas paradas de estrada. Nos supermercados podemos comprar água do outro lado do mundo, mas em garrafas recicláveis. A Louis Vuitton vende sacolas de compras de centenas de dólares.

Já que temos, sem resultado, tentado toda sorte de reclamações, a estratégia de fazer uma caricatura pode ser a solução. Quem sabe ao termos nossos carros, computadores e máquinas de fazer suco ridicularizados, não percebamos quão ridículo é complicar para depois terminar o dia com mais uma complicação de correr, levantar peso e espichar-se para não sofrer um ataque cardíaco.

Da mesma forma, estamos complicando nossas casas com toda sorte de parafernálias solares e esquecendo do básico, que é orientar a casa para entrar sol no inverno e ficar na sombra no verão. O que é primário tem de vir antes.

Os médicos parecem ir no mesmo caminho da caricatura. Nesta semana um deles se tornou uma celebridade ao perguntar se você consegue restringir seu sedentarismo a 23,5 horas por dia. É ainda melhor se você juntar sua necessidade de exercício com a redução das máquinas. Exercite-se indo a pé comprar verduras, por exemplo. E, por favor, sem sacolas de centenas de dólares.

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