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Há seres humanos que só conseguem sentir empatia com o sofrimento dos filhos e parentes próximos. Há outros mais evoluídos que sofrem com a miséria dos conterrâneos ou até com a miséria de pessoas de outros países. Infelizmente, ainda poucos se movem com o sofrimento de animais, nossos parentes mais distantes.

No tempo em que éramos caçadores nas savanas africanas, a habilidade de controlar animais devia ser muito importante. O fino verniz de civilização adquirido nos últimos milênios tornou antiquados costumes como escravizar seres humanos ou apedrejar adúlteros. Isso para muitos de nós, não todos.

Como ainda há os incapazes de sentir empatia com o sofrimento alheio, é normal ainda priorizarem o lucro. Nero usou seres humanos como tochas para manter seu poder em Roma. Thomas Jefferson, entre outros milhares, lucraram com trabalho escravo (que, aliás, ainda existe em alguns locais tanto lá quanto aqui).

Agora um peão matou um bezerro, o que irá afinal suscitar uma discussão sobre a continuidade desta barbárie romana em pleno século 21. Os organizadores da versão barretense da barbárie romana irão provavelmente repetir com o peão o que fazem rotineiramente com os animais, na tentativa de passar a imagem de "amigos dos animais".

O peão que matou o bezerro é, sem querer, o mais empático em toda esta barbárie. Para este animal foi melhor morrer rápido que depois de anos de sofrimento.

Um dia seres humanos evitarão o sofrimento de animais, em especial por motivos fúteis como um rodeio. O peão que matou o bezerro está tão longe deste nível de civilização quanto os organizadores e todos que pagaram ingresso para entrar nesse Co­­liseu do século 21.

Não chega a ser uma vergonha haver um pequeno grupo de pessoas querendo lucrar com o sofrimento animal (dados oficiais falam em R$ 200 milhões de faturamento). Não há sociedade isenta de sadismo. O que surpreende é um público de quase um milhão de pessoas (incluindo sádicos de fato a alienados que não percebem a relação entre o show de música e a barbárie).

Em 2005, São Paulo aprovou lei proibindo animais em rodeios, porém a Federação de Agricultura de São Paulo obteve liminar. Rita Lee chamou os organizadores de rodeios de bandidos. Ela está enganada. Bandido é aquele que o sistema judiciário reconhece como tal. Vendedores de cigarro não são bandidos. Vendedores de maconha são. Proprietários de circo que usem animais são bandidos. Organizadores de rodeio não são bandidos, assim como os proprietários de escravos do século 19.

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