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“Empoderamento”, palavra triste quando se perde um grande amor. Porque na verdade é disso que se trata, não? Na falta de amor, poder. Além disso, feminino é quase sinônimo de beleza e, vamos e venhamos, “empoderamento” é uma palavrona desgramada de feia. Pondere comigo e veja se não estou certo.

Na verdade, isso daí é falta de cristianismo na infância. Está lá na Bíblia – nem precisaria ler tudo, só um dos livros, o do Apocalipse; menos ainda, só o capítulo 12; se for demais, só o primeiro parágrafo: que não há ser humano mais poderoso do que a Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de 12 estrelas. E é bom lembrar que na Bíblia a mulher foi criada com mais dignidade que o homem. Eles fomos feitos de barro; elas, de outro ser humano. Quem foi feito de material melhor, mais nobre? Pois é. Já elxs foram feitxs do cãozinho do Pavlov.

A conversão de Agostinho se deveu às orações e sofrimentos suportados por Mônica

O poder feminino é muito diferente do que andam a exigir por aí. Na Bíblia, o maior poder de Maria está na sua aparente impotência. O máximo que ela faz é “guardar tudo em seu coração”. O que isso significa? Quem é mãe sabe. No filme antológico de Mel Gibson, A Paixão de Cristo, em uma das poucas “escapadas” que a história faz dos relatos evangélicos há uma cena primorosa em que Maria, ao ver Jesus caindo com a cruz em direção ao calvário, enxerga seu filho criança tropeçando e sai correndo acudir, dizendo-lhe: “estou aqui”. Assim foi Maria em toda a sua vida: estava ali, sempre esteve, sempre estará, guardando tudo em seu coração que agora reveste o sol e tem a lua sob seus pés.

Outro bom exemplo desse poder vem de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho. Em suas Confissões, ele nos contou o quanto ela suportou. O pai de Agostinho era um homem colérico e muito infiel, apesar de afetuoso. Assim Mônica agiu: “Ela tinha o cuidado de não contrariá-lo nem com ações, nem com palavras, se o visse irado. Logo que o via calmo e sossegado, oportunamente, mostrava-lhe o que havia feito, se por acaso se tivesse irritado desmedidamente”. Outras mulheres que sofriam na mão de maridos violentos se admiravam da “sorte” de Mônica para nunca aparecer espancada. Indagavam-lhe em confidência qual seu segredo e ela lhes orientava a proceder como ela: “Algumas, após experimentar, punham-no em prática e davam-lhe graças; as que não a imitavam continuavam a sofrer humilhações e violências”.

O pai de Agostinho não era cristão e Mônica tentava convertê-lo, o que conseguiu no fim da vida dele. Segundo Agostinho, ela não tinha “de lamentar no cristão o que havia tolerado no infiel”. Também a conversão de Agostinho se deveu às orações e sofrimentos suportados por Mônica. Dias antes da morte dela, Agostinho contou que os dois ficaram “apoiados a uma janela que dava para o jardim interior da casa” em que moravam, conversando com grande doçura sobre “qual seria a vida eterna dos santos, que nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração do homem pode conceber”. Imaginem a alegria de Mônica.

Ela sempre dissera que queria ser enterrada junto ao marido; porém, dias antes de morrer, pediu que a sepultassem em qualquer lugar, não se importassem com seu corpo, pedia apenas uma coisa: lembrassem dela diante do altar do Senhor, onde quer que estivessem. Eis uma das razões para Agostinho publicar seu livro: “Assim, graças às minhas confissões, o último desejo de Mônica será mais amplamente satisfeito com muitas orações do que só pelas minhas”.

Nada mal para alguém tão impotente, não?

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