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| Foto: Johanna Ljungblom/Free Images

A atriz e colunista Fernanda Torres está certíssima ao detectar, neste artigo, que o ensino médio brasileiro é puro engodo e que o estudante, mal servido que está de verdadeiros mestres, acaba entediado e, na melhor das hipóteses, segue o caminho do autodidatismo. Concordo com quase tudo o que ela diz. Minha observação é de que Filosofia e Sociologia, que a atriz não gostaria de ver afastadas da grade de matérias, estão no currículo não para ensinar os alunos a pensar, mas para manter a consciência dos alunos cativa à cosmovisão do professor. Ou seja, é o avesso da liberdade. E que as artes liberais, que Fernanda elogia, são disciplinas bastante técnicas, “espartanas”, cujo objetivo é dar alimento para que a inteligência se desenvolva, e que estão a anos-luz de distância da Filosofia e Sociologia das escolas de hoje.

Polarização política

O psicólogo social Robert D. Mather analisa as transformações na vida política americana nas últimas décadas, que viu o crescimento do fenômeno da polarização ideológico-partidária, e o papel da Fox News e das mídias sociais como forças que modificaram o panorama político por lá. Ainda que não haja nada equivalente à Fox News no Brasil, sem dúvida houve na mídia uma abertura à opinião de direita, impulsionada sobretudo pela demanda a uma visão alternativa das coisas – já que a intelectualidade nacional, maciçamente à esquerda, não estava dando conta de explicar as causas do desastre petista no governo, o que era evidente a quem quer que estivesse de olhos abertos –, demanda essa que ficou evidente pelo sucesso de comentaristas conservadores e liberais na internet, como Olavo de Carvalho, Rodrigo Constantino e Reinaldo Azevedo. Os paralelos entre o quadro político americano e brasileiro, não obstante as diferenças culturais que distanciam essas nações, são diversos, e tudo graças à facilitação dos canais de informação e comunicação.

Contra a Lava Jato

Como se vê, o ambiente político atual está profundamente polarizado, e quando isso acontece há uma certa tendência que se prolifera de simplificar todas as questões e posicionamentos em “contra” e “a favor”. Isso significa que todos os juízos estão previamente enquadrados em algum espectro ideológico? É claro que não! A honestidade intelectual é uma virtude possível e que sempre precisa ser cultivada, e – graças a Deus – não foi aposentada por todas as cabeças pensantes do país. Ela não significa, ao contrário do que muitos imaginam, a não tomada de posição, mas apenas um empenho em manter-se fiel à consciência, à percepção da realidade. A Operação Lava Jato foi mais uma das coisas que caiu no “contra” e “a favor”, muito pela acusação que pesa injustamente sobre os ombros do juiz Sergio Moro e do MPF de estarem jogando por um time. A hipótese de eles estarem persuadidos pelos fatos é ignorada. Thiago Pacheco nos dá um exemplo do preconceito segundo o qual a Lava Jato seria preconceituosa ou enviesada.

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