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| Foto: Karl Mooney/Free Images

O número crescente de divórcios atesta que sustentar um casamento ao longo dos anos é um desafio para o qual a minha geração não foi preparada. Quando o fundamento da união do casal passou a ser a felicidade dos cônjuges – felicidade, esse sentimento cambiante! – e não mais a formação de uma nova família, perderam-se de vista os deveres para com os filhos, e multiplicaram-se os lares e corações partidos. Perseguimos a felicidade como o cachorro persegue o próprio rabo. Não digo que a harmonia do casal não é importante, nem que não há hipóteses em que o fim da relação é preferível, apenas argumento que a escolha pela ruptura tem sido feita em demasia. Em última análise, as dificuldades do casamento tornam as pessoas mais maduras e ampliam nelas a capacidade de amar: aí estão bons motivos para continuar lutando. Rodrigo Constantino comemora 15 anos de casado rememorando um texto seu em defesa do casamento.

Desejo, euforia, tristeza

Desde Os Sofrimentos do jovem Werther até a saga Crepúsulo, nossa imaginação foi contaminada de amor romântico. “Amor”, nesse contexto, deve ser compreendido no sentido popular de “paixão”, aquele sentimento inebriante que desperta a euforia e não raro tira o juízo das pessoas. Encantados com os filmes de Hollywood, que vendem a delícia que é esse sentimento arrebatador, o homem e a mulher vivem em busca de sua cara metade: aquela pessoa singular que tornará reais seus sonhos de amor (ou sexo) perfeito. Você acredita que a encontrou e, quando juntam as escovas de dente, vem o peso da realidade. Ou, na pior das hipóteses, mete-se numa história de amor impossível, e o final é sempre trágico. Luiz Felipe Pondé comenta a literatura sobre o amor antes do período romântico, a do amor cortês medieval, e mostra que ela tinha por finalidade instruir quanto à falta de virtude dessa forma de amar.

A tal da polarização

Raul Martins, a contrassenso das preocupações correntes com o ambiente de polarização da política, mostra que é inevitável que os debates se acalorem, uma vez que a população despertou para a relevância, em sua vida cotidiana, das decisões dos políticos. É natural que se posicionem quanto ao que é preferível e detestável na política. É natural – e até mandatório a quem é intelectualmente honesto – que, ao afirmarem uma convicção, estejam rejeitando as demais incompatíveis. Nada disso traz a obrigatoriedade do desrespeito, do discurso de ódio, e acusações nesse sentido costumam ser exageradas, isso quando não estão com o sinal invertido.O protagonismo do cidadão – inclusive nos momentos de embate de ideias, e melhor ainda se entre homens maduros – é muito bem-vindo.

O desconhecido Dom Bertrand

Ele, nas raras vezes em que é citado, é motivo de chacota no Brasil. Os jornalistas brasileiros não mostram interesse em conhecê-lo. Possivelmente nem ele, homem discreto que é, tenha interesse em se fazer conhecer. É Samantha Pearson, do britânico Financial Times, quem nos revela um pouco sobre a vida e as convicções de Dom Bertrand, monarca do Brasil, um sujeito de posicionamentos conservadores, devoto católico, que vive numa casa alugada num bairro de classe média paulistano. O contraste com o perfil de governantes a que estamos acostumados é tão, mas tão gritante, que, mesmo para quem não tem o menor apreço pela monarquia brasileira, vale uma espiada na matéria. (texto em inglês)

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