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No fim dos anos 30, Winston Churchill era uma voz isolada na Inglaterra ao defender a guerra contra os nazistas. Quando o primeiro-ministro Neville Chamberlain aceitou uma paz vergonhosa com Hitler, Churchill cunhou uma frase genial e profética: "Entre a desonra e a guerra, eles escolheram a desonra – e terão a guerra".

Nas últimas semanas, o Brasil foi sacudido pelas denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que evidenciam um gigantesco esquema de corrupção na maior estatal do país. Entende-se por que o PT era um adversário tão convicto da privatização: os companheiros e seus aliados já a utilizavam para fins privados.

Diante do escândalo, a maioria da população reagiu com indiferença. Ou ainda pior: a presidente Dilma Rousseff, em cujo governo a roubalheira aconteceu, subiu nas pesquisas juntamente com a sua candidata-gêmea Marina Silva. As acusações mútuas entre essas duas senhoras não passam de rivalidade fraterna.

Na propaganda eleitoral, o candidato tucano Aécio Neves abandonou a letargia característica de seu partido e subiu o tom, denunciando com vigor o imenso esquema de propinas, chamando-o inclusive de "mensalão 2". Tal postura – a nosso ver digna e correta – não lhe valeu pontos a mais nas pesquisas. O povo segue anestesiado; a verdadeira dor virá depois, quando a recessão e a inflação mostrarem as garras.

Neste momento grave da política nacional, ao nadir de uma era que teve como crime fundador a morte de Celso Daniel, e que em agosto último ganhou novos tons de tragédia com a morte de Eduardo Campos, o candidato do PSDB deveria pensar na coragem dos que lutaram pacificamente contra a ditadura militar. Um deles era seu avô, Tancredo Neves.

Esta é a sua melhor hora, Aécio. O importante agora não é ganhar a eleição, mas denunciar o esquema ardiloso e monumental que o PT utiliza para sugar, desmontar e avassalar o Brasil. Por conta própria, eles não vão parar de fazer isso, pelo menos não até que as instituições do país estejam completamente dominadas.

Lembre-se, candidato: quem escolher a desonra terá a desonra e o fracasso. Moderar o tom agora, achando que isso vai aumentar suas chances eleitorais, só resultará em humilhação e vergonha. Cuidado, Aécio, para não passar à história como um Chamberlain da vida – o homem que se negou a lutar e com isso acabou causando mais miséria e sofrimento ao povo de sua pátria. A melhor vitória do Brasil hoje é a vitória moral. Mesmo que ela signifique a derrota nas urnas. Se fizer isso, nossos netos se lembrarão de você como aquele que não se calou.

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