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Na véspera da Solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo (29/6/2005), o Papa Bento 16 entregou à Igreja o tão esperado "Compêndio do Catecismo da Igreja Católica". O dia foi escolhido a dedo porque os dois apóstolos, colunas da Igreja e eminentes evangelizadores da Boa Nova nos primórdios da Igreja, a testaram com o próprio sangue a verdade revelada. O Compêndio não é uma obra fechada sobre si mesmo, nem pretende substituir o "Catecismo da Igreja Católica", confiado aos fiéis de todo o mundo. Fiel ao Catecismo, o Compêndio o acompanha na numeração, na estrutura e no desenvolvimento. Enquanto o Catecismo expõe a fé da Igreja e a doutrina católica e pelo Magistério vivo da Igreja, o Compêndio limita-se a uma síntese breve e segura de todos os elementos essenciais da fé e da moral católica, constituindo-se numa espécie de "vademecum", que permite aos crentes e não-crentes abraçar todo o panorama da fé católica.

Aos olhos de quem lê o Catecismo, espraia-se a maravilhosa unidade do mistério de Deus, seu desígnio de salvação, bem como a centralidade da pessoa de Jesus Cristo, feito homem no seio da virgem Maria para ser o Salvador da humanidade inteira. Ele, Jesus, é a fonte da fé, o modelo do agir cristão e o mestre da nossa oração. Não é pois de estranhar que, em face da profundidade do assunto explanado no Catecismo se destine não exclusiva, mas preferencialmente, aos cardeais, bispos, presbíteros, seminaristas, catequistas e demais leigos bem formados. O Compêndio, ao invés, dirige-se a todas as pessoas de boa vontade que, atormentadas por uma espantosa dispersão, pelo imediatismo e por sucessivas e trepidantes mensagens profanas, desejam conhecer os conteúdos da salvação, dos quais a Igreja é depositária segura e guarda fiel.

O Compêndio chama a atenção pela sua forma dialógica, formando um renovado anúncio do Evangelho para os dias de hoje. O diálogo é um dos gêneros literários mais populares, em forma de pergunta e resposta. Trata-se de propor, mediante um diálogo animado entre o máster e o discípulo e numa seqüência de perguntas e respostas, assuntos relevantes que envolvem o leitor e o convidam a prosseguir na descoberta de aspectos sempre novos, variados e, eventualmente, dispersos numa obra maior, mas pouco acessível ao comum dos leitores. Igualmente, é sabido que o diálogo abrevia os textos, reduzindo-os ao essencial e ao que interessa no momento. Um diálogo bem conduzido favorece a assimilação, satisfaz o paladar do povo simples, ajuda a memorizar conteúdos a serem vividos, cantados e rezados pelos fiéis. Outra característica do Compêndio é a oportuna presença de algumas imagens selecionadas, tiradas da rica iconografia cristã. Elas marcam toda a articulação do Compêndio e fazem parte da pregação evangélica. Jesus, ao explicar o reino dos céus, usava parábolas, isto é, imagens tiradas do ambiente rural e familiares ao povo. Falou do semeador, da pesca e da rede; comparou o reino a um campo, onde cresce trigo e joio. Tudo isto despertava no auditório curiosidade, amenidade e compreensão. Numa palavra, Jesus era um pedagogo atualizado e em dia com a "sala ambiente"

Baseados nesta pedagogia, os grandes artistas de todos os tempos têm oferecido à contemplação e admiração dos fiéis os fatos mais salientes do mistério da salvação, apresentando-os no esplendor das cores e na perfeição da beleza. A título de ilustração, basta observar as catedrais da Idade Média, filhas do seu tempo, da paciência e da criatividade, todas enriquecidas e admiradas pela presença da imagem, forma e cor. Dizem os poetas que as flores da perfeição humana desabrocham quando a seiva é pura, quando a sociedade é fecunda e harmoniosa, quando traz em seu âmago o instinto da criação. Certamente, os artistas medievais souberam explorar com habilidade e jeito essas flores. Hoje, mais do que nunca, a civilização se orienta efetivamente pela imagem mais do que pela palavra. A imagem é mais eficaz em seu dinamismo do que a palavra: esta difunde, dissipa e distrai; aquela simplifica, aproxima e ameniza a mensagem evangélica. O mesmo ocorre no campo profano.

Por tudo isto, resta-nos agradecer o advento do "Compêndio do Catecismo da Igreja Católica", novo subsídio para satisfazer a fome da verdade dos fiéis de todas as idades e condições, como também a necessidade de todos quantos, sem serem fiéis, têm sede da verdade, da justiça e da paz.

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