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O Brasil tem se tornado célebre por uma triste marca, a de ser um dos países que menos contribui para a competitividade de suas empresas. O que não é nenhuma novidade para o setor empresarial, é confirmado por várias pesquisas, a mais recente feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No levantamento, entre 15 países analisados – Argentina, Colômbia, México, Polônia, Turquia, Índia, Rússia, África do Sul, Chile, China, Espanha, Austrália, Coreia do Sul e Canadá –, a economia nacional ficou em penúltimo lugar em relação aos fatores que influenciam a capacidade de competição das empresas no mercado, mantendo a mesma posição pela quarta vez consecutiva.

Para chegar ao resultado foram comparados itens como a qualidade da infraestrutura e da educação de cada nação, custo e disponibilidade de mão de obra, peso dos impostos, custo do capital para as empresas, ambiente macro e microeconômico e nível de tecnologia e inovação durante o ano de 2014. Dentre esses fatores, o país apresentou o melhor resultado em relação à quantidade de mão de obra disponível no mercado, ficando em 4.º lugar. Em contrapartida, quando se fala de disponibilidade e custo de capital, o Brasil conseguiu a pior marca, com a taxa de juros real de curto prazo mais alta entre os países analisados.

Outra entidade que tem alertado para o problema é a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A última edição do Índice de Competitividade das Nações, divulgado em novembro do ano passado, colocou o Brasil na 39.º posição entre 43 países pesquisados. Até o Fórum Econômico Mundial considera o Brasil um dos países menos competitivos do mundo. No Ranking Global de Competitividade 2014, num total de 144 nações pesquisadas, ficamos em 57.º, e, no quesito burocracia, só ganhamos da Venezuela.

O resultado do Brasil foi tão preocupante que na época da divulgação do levantamento, em setembro do ano passado, o Fórum pediu que, independentemente de quem fosse o presidente eleito pelos brasileiros, ele (ou ela) participasse da reunião anual do grupo para poder explicar as medidas que o país tomaria para impulsionar a economia. Como se sabe, a presidente Dilma Rousseff preferiu prestigiar a posse do presidente boliviano Evo Morales a ir a Davos, deixando ao ministro da Fazenda Joaquim Levy a delicada tarefa de convencer os integrantes do Fórum de que o Brasil irá retomar o caminho do crescimento.

Infelizmente, há muitos motivos para acreditar que o Brasil continuará entre os menos competitivos do mundo em 2015. Por enquanto, as medidas anunciadas pelo governo federal para tentar consertar a economia – que rapidamente ganharam o título de "pacote de maldades"– se restringiram basicamente ao aumento de impostos e à diminuição de benefícios a trabalhadores.

Ainda não há nada concreto que comprove a disposição do governo de estimular a competitividade do Brasil, embora a presidente Dilma tenha dito durante a primeira reunião ministerial do ano que pretende apresentar um Plano Nacional de Exportações e um programa de desburocratização voltado para pequenas e micro empresas. Mas por enquanto são apenas palavras. E mesmo que o discurso se confirme, ainda será pouco para reverter os entraves à competitividade.

Como são inúmeros os itens que interferem para a criação de um ambiente competitivo, medidas isoladas não serão suficientes para resolver a questão. Seria necessário pensar um plano de desenvolvimento integrado que contemplasse diversas áreas. O setor produtivo, por exemplo, aponta como prioritários a simplificação do sistema tributário, a redução do custo de financiamentos, mais investimentos em infraestrutura e tecnologia, além da melhoria da qualidade da educação em todos os níveis.

Não será fácil para o Brasil sair do fim dos rankings de competitividade. Mas se o país quiser mesmo retomar o caminho do crescimento, terá de enfrentar e vencer esse desafio. E quanto antes começar, melhor.

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