• Carregando...

A nova musa da sociedade da informação se chama Marissa Mayer, que acaba de ser escolhida como nova executiva-chefe do Yahoo. Marissa é o arquétipo da executiva bem-sucedida, bonita, com menos de 40 anos, milionária depois de trabalhar no Google por vários anos, ambiciosa e, acima de tudo, ultramoderna. Depois de anunciar que estava renunciando ao emprego seguríssimo para assumir a direção de uma empresa problemática como o Yahoo, mandou outra mensagem via Twitter para seus milhares de seguidores, informando que "@zagbogue e ela estão esperando um bebê..." Quem sabe, no futuro, o menino ou menina se identificará como filho do "arroba zagbogue"...

Ao mesmo tempo, a Mattel anuncia lucros milionários, e sabem quem é uma das maiores responsáveis pelo sucesso? A cinquentenária Barbie, protótipo do conservadorismo norte-americano, a boneca-símbolo do American Way of Life. O século 21 e o século 20 se encontram...

Duas pessoas, uma de 15 e outra de 70 anos, são contemporâneas, ou seja, vivem o mesmo tempo; mas não são coetâneas, pois não têm a mesma idade. O que está acontecendo nos Estados Unidos repete exatamente esse fenômeno. Faz exatos 30 anos que voltamos de Los Angeles para o Brasil depois de estudar lá durante dois anos e meio. A cidade não mudou muito: alguns novos arranha-céus, um tímido sistema de transporte de massa, freeways entupidas de automóveis de todas as idades, baixo crescimento populacional, bairros inteiros praticamente idênticos em sua aparência externa. No entanto, em pouco mais de uma geração, Los Angeles e creio que, na mesma medida, os Estados Unidos experimentaram e estão experimentando uma revolução tecnológica, econômica e social de profundidade inédita, que passa despercebida porque só se fala na crise econômica e financeira.

Instituições tradicionalíssimas estão em pleno processo de decadência: o Correio está virtualmente quebrado, tendo perdido quase a totalidade do processamento da correspondência pessoal, comercial e bancária. O outrora pujante Los Angeles Times, que rivalizava com o seu quase homônimo de Nova York, é agora um jornal esquálido, enquanto a internet domina a comunicação e o comércio. As grandes lojas de Los Angeles desapareceram ou foram absorvidas por forasteiros de Nova York enquanto as empresas de comércio eletrônico se expandem velozmente.

A economia da Califórnia é hoje quaternária, ou seja, as atividades de educação, tecnologia sofisticada, comunicações e pesquisa e desenvolvimento tecnológico superaram os grandes mamutes do setor aeronáutico, do petróleo e do setor automotivo que dominavam o ranking das maiores empresas do mundo.

Qual é o resultado social de todas essas alterações? É difícil dizer com precisão, mas é certo que está ocorrendo sob nossas vistas o que Vilfredo Pareto chamou de "circulação das elites", em que a tecnocracia da eletrônica digital vai ocupando o comando da economia e substituindo os self made men e os capitães da indústria.

O próximo passo será a política, onde também a mudança já é profunda: de que cor mesmo é o presidente Barack Obama? O fato de o presidente ser negro em um país que há menos de 60 anos obrigava seus pais e avós a se levantarem para ceder os lugares no ônibus para os brancos não é mais nenhuma novidade: o que se discute agora é se ele é ou não é eficaz como os brancos que o antecederam.

Admirável.

Belmiro Valverde Jobim Castor é professor do doutorado em Administração da PUCPR.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]