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Em seu pronunciamento de ontem, para assinalar os 183 anos da Independência, o presidente Lula voltou a se segurar naquilo que seu governo tem de mais forte: a retomada do crescimento do Brasil. Conforme documentam os números no primeiro semestre, a economia do país vai bem mesmo: o país avança mais de 3%, a inflação está domada, há queda nos preços de alimentos, e acordos salariais têm proporcionado ganho real para os trabalhadores. Em paralelo, os programas de inclusão social estão funcionando, desde a Bolsa-Família, que ameniza a condição dos mais pobres, passando pela agricultura familiar, até as políticas sociais afirmativas, que abrem a escola para grupos marginalizados.

É salutar o registro de que a economia brasileira consegue trafegar com segurança entre dois obstáculos apreciáveis: pelo lado externo, as restrições do ajuste à elevação do preço do petróleo; internamente, as turbulências da crise política, que fragilizou a base de apoio parlamentar do governo. Por isso ganha importância o relatório sobre desenvolvimento humano publicado pelas Nações Unidas, mostrando um discreto avanço na posição brasileira entre os países analisados.

Apesar da melhora do seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,790 para 0,792, o Brasil manteve-se no 63.º lugar entre 177 países avaliados. O avanço pode ser pequeno, mas tem sido constante. Desde 1975, quando o medidor foi instituído: entre 2000 e 2003, o país subiu nove posições, graças, sobretudo, à melhoria na expectativa de vida da população (subiu de 70,2 para 70,5 anos) e na taxa bruta de matrícula nas escolas (expansão de 90% para 91%).

Não obstante, tais registros ainda situam o Brasil como o de maior desigualdade social entre os países de renda média, indicando nível de vida insuficiente para o grupo dos 10% mais pobres. Para obter essa correção há várias propostas: enquanto corporações sindicais próximas ao governo como a CUT propõem um tributo extraordinário sobre as famílias mais ricas – que, se adotado, poderia esterilizar o empreendedorismo sem resolver a situação –; para o sociólogo Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE, além de programas emergenciais como a Bolsa-Família, o passo adicional para correção do desequilíbrio seria apoiar os pobres com distribuição de ativos sociais – dos quais o mais importante é a educação de qualidade – para que eles possam gerar mais renda por esforço próprio.

Países-baleia em estágio similar ao nosso, como China e Índia, usaram essa abordagem para tirar milhões de pessoas da linha da pobreza, ao lado de outras políticas que as tornaram potências em ascensão, exibindo hoje taxas de expansão da ordem de 9% e de 6% ao ano. Na corrida para o futuro, a China investiu em fábricas e infra-estrutura, enquanto a Índia estimulou a formação técnica de crescentes parcelas da população. O economista Marcos Jank explica que tais países se assemelham a gansos selvagens; enquanto nós latino-americanos parecemos patos sentados, em um ambiente defensivo ante o restante do mundo, crescendo menos do que poderíamos e, por isso, adiando a melhoria da condição social de milhões de patrícios.

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