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Não é de hoje que o lixo se constitui num dos desafios mais complexos do mundo contemporâneo e que não encontra soluções adequadas na proporção em que o problema só cresce. Para se ter uma ideia da sua dimensão, em 2010 o Brasil gerou nada menos do que 61 milhões de toneladas de resíduos contra 57 milhões em 2009. Os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, mostrando que 37% de todo esse material vai parar nos lixões das periferias das cidades, na maioria das vezes com pouco ou nenhum tratamento. Como resolver a questão é a pergunta que se faz diante da gravidade da situação.

Um primeiro passo nesse sentido pode estar na aprovação pelo Congresso Nacional da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que tem entre as principais metas a redução, reutilização e tratamento dos resíduos sólidos, bem como a destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos. A providência inicial para viabilizar na prática o plano foi a criação de um grupo técnico de trabalho integrado por representantes de 12 ministérios, que deverá entregar a sua primeira versão no dia 21 de junho. Após isso, a proposta será encaminhada para consulta popular. Uma vez aprovado, o estudo norteará as políticas práticas de manejo de lixo nos planos estadual e municipal, devendo ser atualizado a cada quatro anos.

Mesmo diante da perspectiva de um norte nos caminhos para o tratamento dos resíduos, a tarefa é imensa e só terá chance de alcançar êxito se houver vontade política e, principalmente, a adesão da população. Adesão que começa com programas de educação e de conscientização sobre a importância da separação e reciclagem do lixo. A própria sociedade moderna, com seu forte apelo ao consumismo, acaba contribuindo diretamente para a geração de resíduos em grandes quantidades. A popularização no uso de produtos descartáveis e, em particular, do plástico, ao mesmo tempo que se constitui numa facilidade, cobra um preço elevado em termos de degradação ambiental.

Independentemente de iniciativas de maior magnitude que deverão ser tomadas somente com a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a verdade é que ações pontuais e viáveis não necessitam esperar para serem adotadas ou mesmo ampliadas. Medidas como o aumento da coleta seletiva, incentivos fiscais para as empresas produzirem embalagens totalmente recicláveis e pontos de entrega para recolhimento do lixo eletrônico e tóxico. Dar correta destinação às toneladas de resíduos que diariamente são produzidas nas cidades significa meio caminho andado para a solução de graves problemas que afetam sobremaneira os grandes centros urbanos, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Menos lixo no meio ambiente corresponde a menos enchentes e alagamentos, redução na contaminação do solo e menor proliferação de vetores transmissores de uma gama variada de doenças. Enfim, colaborar na busca das melhores práticas para ajudar a resolver o problema dos resíduos urbanos é uma obrigação de todos, abrindo para as futuras gerações a perspectiva de um planeta ambientalmente mais limpo. Esse é o desafio para o qual são convocados não somente os governantes, mas também empresários e a população em geral.

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