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A presidente Dilma Rousseff está prestes a contabilizar a demissão do nono ministro em pouco mais de um ano de governo. A bola da vez é o titular da pasta das Cidades, Mário Negromonte, há tempos balançando no cargo em razão das suspeitas de negócios mal-explicados e gerenciamento considerado aquém do esperado. A decisão pela sua saída foi definida na segunda-feira, na Bahia, durante reunião que teve a participação de Dilma e do governador Jaques Wagner, padrinho político de Negromonte, devendo ser oficializada no máximo até sexta-feira.

Considerando-se intocável à frente do ministério, Negromonte chegou a afirmar que estava "mais firme do que as pirâmides do Egito", adotando a mesma toada de outro ex-ministro, Carlos Lupi. Este, num arroubo de arrogância, apesar das evidências de irregularidades no Ministério do Trabalho, afirmou em alto e bom som "que só sairia abatido a tiros". Caiu sem precisar do disparo de nenhuma bala, como também deve seguir o mesmo caminho Negromonte, que se mostrou não ser tão firme quanto as pirâmides.

Com a confirmação da saída do responsável pelo Ministério das Cidades serão nove as defecções de ministros, sendo sete deles por envolvimento em situações incompatíveis com a ética que o cargo exige. Se por um lado a postura da presidente Dilma sinaliza sua disposição de não compactuar com os desvios de comportamento de seus assessores, por outro leva a uma indagação: até quando vai persistir esta ciranda de substituições no primeiro escalão? Afinal de contas, não é possível supor que tal sucessão de trocas possa se estender por muito mais tempo, sob pena de provocar um indesejado imobilismo da administração pública. Situação já ocorrida no ano passado, quando as inúmeras irregularidades em ministérios, coincidentemente capitaneados por pessoas avalizadas pelos aliados políticos, colocou o governo na defensiva diante da enxurrada de denúncias que acabaram pipocando.

Muito provavelmente em função disso, e apesar das pressões e das manifestações de descontentamento vindas de líderes partidários, Dilma vem procurando com as mudanças colocar nomes com perfil técnico e mais, da sua inteira confiança. Foi assim na recente mudança no Ministério da Ciência e Tecno­­logia, com a indicação do pesquisador Marco Antonio Raupp e também na Petrobras, onde a atual diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster, vai assumir a presidência em lugar de Sérgio Gabrielli. Considerada uma executiva exigente, Graça Foster também desfruta de sólida amizade com Dilma, contrariamente a Gabrielli, que nunca foi do agrado da presidente.

A disposição de Dilma de se impor às pressões da base aliada vai estar novamente à prova com a indicação próxima do novo ministro do Trabalho. Desde a saída de Carlos Lupi, a pasta está sendo comandada interinamente pelo seu secretário-executivo, Paulo Roberto Pinto. Considerado um ministério da "cota" do PDT, seus caciques já se manifestaram contrários à indicação de um técnico para assumir o cargo, em clara manifestação de desafio a Dilma, que pretende definir o nome do novo ministro neste mês de fevereiro.

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