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As expectativas se confirmaram e Curitiba foi anunciada ontem, pela Fifa, como uma das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Para os apaixonados pelo futebol – grupo nada desprezível no país que tem esse esporte como um de seus símbolos –, o anúncio é motivo de comemoração. Os curitibanos e seus vizinhos terão, afinal, a oportunidade de assistir a alguns jogos do Mundial praticamente sem sair "de casa". Coisa igual só em 1950, quando tivemos na capital paranaense dois jogos da primeira Copa realizada no Brasil – e encerrada, para nossa tristeza, com uma disputa em que o Uruguai derrotou a seleção anfitriã no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Os torcedores estão longe de ser o único grupo a se beneficiar com a escolha de Curitiba como cidade-sede da Copa que realizaremos daqui a cinco anos. Até 2014, Curitiba e as demais cidades selecionadas pela Fifa — Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – receberão investimentos pesados em infraestrutura. São obras que, ao contrário da alegria que se verá nos estádios, sobreviverão muito tempo depois do apito final. Ficarão como herança para as cidades que tiveram a honra de sediar alguns jogos.

Curitiba receberá R$ 4,5 bilhões, sendo R$ 2 bilhões destinados à construção da linha azul do metrô, ligando a CIC ao Centro. Também estão previstas, entre outras, obras no entorno do Estádio Joaquim Américo (Arena da Baixada), no Aeroporto Afonso Pena e a melhoria na integração com as demais cidades da região metropolitana. Tudo isso, com um efeito em cascata nada desprezível: a geração de empregos e o aumento da moeda em circulação.

A maior parte dos recursos virá do governo federal, que tem na Copa uma oportunidade para fazer o país captar divisas e ganhar popularidade como destino turístico. Nesse sentido, vale a pena ouvir a voz dos que clamam por um pouco de cautela. Nem sempre o Mundial de futebol dá o retorno esperado, que o digam os alemães, que em 2006 tiveram frustrada a expectativa de receber um fluxo extra de 1 milhão de turistas.

Lições domésticas também devem ser lembradas se quisermos tirar proveito máximo do evento esportivo. E não estamos falando apenas de obras superfaturadas, algo que exige, desde este primeiro momento, vigilância redobrada dos cidadãos. Lembramos também dos equipamentos esportivos que canalizam recursos públicos e que depois acabam subaproveitados. É este o caso, por exemplo, do Parque Aquático Maria Lenk e do Velódromo da Barra, construídos especialmente para os Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro. Passado o Pan, sem outras competições de grande alcance, os dois espaços estão praticamente abandonados.

Em relação a 2014, o momento é de festa, mas não podemos embarcar numa euforia ingênua. O legado que a Copa deixará para Curitiba depende da capacidade da cidade para eleger bons investimentos e garantir a melhor aplicação possível dos recursos. É hora de tirar proveito da oportunidade que surge. Sem perder de perspectiva os antiexemplos do Pan, voltemos à Copa de 1950. Foi para esse campeonato mundial que o Estádio Jornalista Mário Filho foi especialmente construído. Aos que duvidam dos benefícios da Copa, perguntamos: alguém pode imaginar o Rio sem o Maracanã?

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