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A imprensa noticiou na semana finda que Lula despachou em São Paulo com o ministro Fernando Haddad, da Educação, e com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Na pauta, a cobrança de explicações sobre a demora na implementação do piso nacional do magistério, projeto que apoiou ao tempo do seu mandato. Nada demais na reunião se Lula não fosse ex-presidente e os dois convocados não fossem, como são, assessores da atual chefe do governo, a presidente Dilma Rousseff (foi pelo menos avisada?). De qualquer modo, o encontro de trabalho entre o ex-mandatário e duas figuras de proa do atual governo enseja a oportunidade de algumas considerações sobre a atual desenvoltura de Lula.

A primeira e mais evidente delas é que o ex-presidente ainda não conseguiu "desencarnar" do cargo, expressão que ele próprio empregou no início do ano, quando recém tinha descido a rampa do Planalto. À época também falou de sua vontade de voltar a ser um cidadão comum, "o mais próximo da normalidade", o que os fatos vêm mostrando estar longe de acontecer. Despachos com ministros da ativa e palpites diretos na formação do ministério de Dilma, apadrinhando nomes que afundaram em denúncias de maracutaias evidenciam a permanente influência de Lula; somem-se a isso as recomendações feitas à presidente para evitar melindrar aliados incomodados com a faxina nos ministérios. Na ótica lulista, ainda que tal conselho possa significar fazer vistas grossas aos desvios éticos praticados pela companheirada. Tudo conforme o receituário dos seus 8 anos de mandato, quando os inúmeros escândalos que pipocaram, via de regra, foram convenientemente varridos para debaixo do tapete.

A forma política de Lula desde já também mira as eleições municipais do próximo ano, quando pretende emplacar seus candidatos nas cidades consideradas como estratégicas para uma vitória petista. Para tanto, já antecipou a intenção de voltar a percorrer o país em nome do PT. Com Lula mais ativo que nunca, a questão que se coloca é até que ponto sua onipresença não poderá vir a causar dificuldades futuras para os projetos políticos de Dilma, leia-se a eleição presidencial de 2014. Respaldado pelos elevados índices de popularidade e por uma base parlamentar saudosa do tratamento paternalista sempre dispensado pelo Planalto, a volta de Lula é sempre uma possibilidade acalentada por muitos. Se vai ocorrer ou não, apenas o tempo é que dirá.

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