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Em agosto de 2010, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou para a existência de uma "geração perdida" de jovens sem emprego e informava o número recorde de quase 81 milhões de jovens que ficaram desempregados no mundo, em 2009, como consequência da crise financeira mundial. A OIT dizia textualmente em seu relatório que havia o risco do surgimento de "uma geração perdida, constituída de jovens que abandonaram o mercado de trabalho e perderam as esperanças de poder trabalhar e ganhar a vida decentemente".

Segundo a economista da OIT e autora do relatório Tendências Mundiais do Emprego dos Jovens 2010, Sara Elder, o risco da existência de uma geração perdida atinge particularmente os jovens de países desenvolvidos. Um dos casos mais dramáticos é o da Espanha, cuja taxa de desemprego de sua força de trabalho chegou a 23,4% em 2012, e, entre os jovens, o desemprego atinge quase 50%.

Apesar de toda a euforia de Lula, em 2010, último ano de seu governo, segundo dados sobre o desemprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação nas principais regiões metropolitanas entre pessoas de 18 a 24 anos era de 12,5%. Na faixa etária de 25 a 49 anos, a taxa de desemprego havia caído para 4,7%, o que faz o desemprego entre jovens, no Brasil, ser bastante grave tanto pela taxa de desocupados quanto pelos baixos salários percebidos no primeiro emprego.

A situação do desemprego entre jovens é dramática no mundo e, embora no Brasil não chegue a tanto, é grave o suficiente para justificar a atuação de governos e empresários no sentido de enfrentar o problema com políticas urgentes e eficientes. O desemprego na faixa dos 18 aos 24 anos é socialmente e psicologicamente grave, pois, além de ser um estopim para problemas de angústia e desespero, é um caminho para a depressão, o alcoolismo e a incursão nas drogas.

Quanto às empresas, é compreensível que, premidas pela competição e pela necessidade de buscar produtividade, elas deem preferência para profissionais qualificados e com alguma experiência. Por isso, o problema do primeiro emprego não é uma questão a ser deixada para o livre jogo da oferta e procura no mercado de trabalho, mas uma questão de política pública de alta relevância social.

Talvez seja hora de o governo, os empresários e os sindicatos iniciarem uma discussão para a implantação de medidas capazes de contribuir para o aumento da taxa de emprego entre jovens, e algumas sugestões que merecem debate são a aprovação do contrato simplificado de trabalho para os dois primeiros anos do primeiro emprego; a redução de encargos trabalhistas durante esses dois anos; a simplificação nas relações entre patrão e empregado em termos de contratação e dispensa dos trabalhadores admitidos sob a égide dos contratos simplificados; a aprovação de incentivos fiscais para os empregadores que aplicarem recursos na qualificação dos contratados em primeiro emprego.

A lista de possibilidades é imensa e as medidas seriam um meio de criar mecanismos para abrir as emperradas portas do primeiro emprego a jovens de 18 a 24 anos. Se não servem como solução estrutural para o problema, pelo menos essas medidas poderiam não sobrecarregar os jovens com ônus maior do que toda a força de trabalho em termos de taxa de desemprego.

O melhor momento para o país adotar medidas nessa direção é exatamente quando a economia vai bem e a taxa geral de desemprego está baixa. Esperar que a economia entre em desaceleração e buscar soluções quando o desemprego for maior é um equívoco que pode custar caro em termos econômicos, sociais e pessoais. Os exemplos do mundo aí estão para mostrar que o Brasil deve agir agora, se quiser que jamais surja alguma "geração perdida" de jovens angustiados, desesperançados e dependentes de pais e familiares.

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