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A defesa da vida ainda por nascer, desde a concepção, é uma das convicções mais caras ao brasileiro, de acordo com diversas pesquisas de opinião. Apesar disso, o aborto nunca esteve tão perto de ser aprovado no Brasil – não pela via legislativa, mas pelo ativismo judicial, com o julgamento (ainda sem data marcada) no Supremo Tribunal Federal da ADPF 442, de autoria do PSol e que pretende liberar a prática até a 12.ª semana de gestação. A gritante desproporção entre defensores do aborto e da vida na audiência pública convocada pela relatora da ação no STF, a ministra Rosa Weber, é demonstração do risco que o país corre na defesa dos seres humanos mais indefesos e inocentes.

Por isso, a pressão popular se tornou ainda mais necessária e urgente, e Curitiba tem a possibilidade de dar um belíssimo exemplo ao Brasil neste dia 15 de setembro, com a Manifestação Pela Vida, que ocorrerá a partir das 14 horas no Centro Cívico. Igrejas cristãs e movimentos da sociedade civil querem reunir dezenas de milhares de pessoas em um enfático “sim” a ambas as vidas. E esse ponto precisa ser ressaltado, pois não se trata – e nunca se tratou – de defender apenas o nascituro, mas também a mãe, que sempre causa um dano a si mesma quando realiza um aborto. Seja quando o faz guiada pela convicção, bastante equivocada, de que está exercendo sua autonomia e um “direito”, seja quando, em uma situação de vulnerabilidade, é submetida a um discurso que tenta fazê-la crer que não há outra opção a não ser matar o próprio filho, a mulher sempre terá de arcar (às vezes, sozinha) com as consequências físicas e psicológicas.

Nossa sociedade precisa ser a voz do nascituro que, no útero materno, quer viver, mas não pode se fazer ouvir

O respeito à dignidade humana e a defesa da vida em todas as suas etapas, da concepção à morte natural, são sinais de uma sociedade moralmente sadia – algo que não necessariamente tem relação com a prosperidade econômica. Há países pobres onde se perdeu completamente o sentido da dignidade humana, e outros onde se compreende o valor de cada ser humano; da mesma forma, entre as nações ricas há aquelas que também respeitam integralmente a vida humana e outras em que essa noção se perdeu de forma dramática, a ponto de, depois dos nascituros e dos idosos doentes, as crianças já se tornarem o alvo corrente de uma mentalidade que nega o direito à vida a quem não é perfeito ou desejado. Os casos de Alfie EvansCharlie Gard, no Reino Unido, e a liberação da eutanásia de crianças na Bélgica o provam.

O brasileiro jamais chegou nem perto desse nível de degradação, mas, por outro lado, ainda que sempre tenha havido passeatas contra o aborto no país, graças ao trabalho incansável e heroico dos grupos pró-vida, ainda não chegamos a tomar as ruas de forma multitudinária e constante em nome da defesa das potenciais vítimas do aborto. É isso que a Manifestação Pela Vida pretende mudar, partindo de Curitiba para levar aquela mobilização já existente a um novo patamar. Nossa sociedade precisa ser a voz do nascituro que, no útero materno, quer viver, mas não pode se fazer ouvir; e da mãe que quer deixar viver, mas tem medo de falar porque está acuada pela pressão dos que querem usá-la como instrumento para suas finalidades de engenharia social.

Leia também: A judicialização do aborto no Brasil (artigo de Hermes Rodrigues Nery, publicado em 4 de setembro de 2018)

Leia também: A longa luta contra a vida (editorial de 5 de agosto de 2018)

A importância da defesa da vida é tanta que, pela primeira vez, diferentes igrejas cristãs colocaram suas diferenças de lado e se uniram pela causa do nascituro e da mãe, juntando-se formalmente na organização da Manifestação Pela Vida. Isso, no entanto, não deveria dissuadir nenhuma pessoa de outra filiação religiosa, ou sem religião alguma, de participar do evento do dia 15. Os principais argumentos contra a legalização do aborto nunca foram de origem religiosa, mas são o resultado de cuidadosas reflexões éticas sobre a dignidade intrínseca de todo ser humano, apoiadas por toda a ciência das últimas décadas, que apontam para a concepção como o momento definidor do início da vida.

Nos Estados Unidos, quatro décadas e meia de Marchas pela Vida, em que as multidões enfrentam até mesmo tempestades de neve todo mês de janeiro para defender a vida no aniversário de Roe v. Wade, estão prestes a ter resultado, com mudanças na composição da Suprema Corte daquele país e que podem levar à reversão da trágica decisão judicial de 1973. Na vizinha Argentina, a defesa da vida até sofreu uma primeira derrota na Câmara dos Deputados, mas no fim venceu a pressão do dinheiro de ONGs internacionais e do governo de Mauricio Macri, tudo graças à firmeza da população, que se organizou em passeatas numerosas desde o início deste ano. Para que não tenhamos de passar pelo que passam os norte-americanos, que precisam lutar para desfazer o mal já feito, temos de seguir o exemplo argentino, mobilizando-nos antes que o mal prevaleça. Que a voz dos curitibanos no próximo dia 15 seja forte o suficiente para ressoar no Supremo Tribunal Federal. 

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