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O presidente Michel Temer nomeou o senador José Serra (PSDB) como titular do Ministério das Relações Exteriores, no momento em que o Brasil precisa passar por um reformulação em sua política externa. Há pelo menos três grandes áreas em que o governo deve deixar claro à sociedade e ao público internacional qual será a filosofia de ação e qual a estratégia operacional. De início, espera-se que haja inflexão à direita, no sentido de reduzir a adesão incondicional ao esquerdismo latino-americano e à tolerância com regimes autoritários e agressores dos direitos humanos.

A primeira grande área é a do comércio internacional. Pelo perfil internacionalista de José Serra – ele morou e estudou no exterior, tem visão do mundo e sabe como funciona a economia – e pela tendência nada esquerdista de Michel Temer, a diretriz deve ser mais abertura externa e maior inserção no comércio internacional. A tendência é de redução do protecionismo tarifário e a busca por acordos comerciais com os países do primeiro mundo, principalmente porque o Brasil precisa expandir suas exportações e ampliar a importação de tecnologias modernas.

A filosofia de ação e a estratégia de operação são dois pilares para induzir as empresas nacionais a buscarem a expansão de seus mercados

Seria boa estratégia a busca por incluir a participação brasileira nos acordos firmados entre os países do primeiro mundo, a exemplo do Tratado Transpacífico, e encetar tratados para a importação de tecnologias estrangeiras destinadas a melhorar o nível de atualização tecnológica da economia brasileira e elevar a produtividade/hora do trabalho. Para isso, o governo terá de expurgar qualquer saldo de ranço contra as economias desenvolvidas e reatar contatos eventualmente desgastados durante o período petista no comando do país.

A segunda grande área zonal e quase submissa dos governos petistas aos países latino-americanos ditos socialistas e à tolerância com a agressão e o desrespeito aos direitos humanos – os maiores exemplos são o apoio de Lula ao regime iraquiano de Mahmoud Ahmadinejad, à submissão ao regime ditatorial de Chaves e Maduro na Venezuela e a declaração da presidente Dilma na ONU de que a solução para o terrorismo do Estado Islâmico deveria ser pelo diálogo com os líderes daquela facção. Certamente, o ministro José Serra será chamado a declarar que o Brasil não apoia governos e práticas que agridam a democracia e os direitos humanos, pois que não há sentido em pregar uma coisa internamente e fazer outra no campo da política externa.

A terceira grande área que demandará posicionamento claro do Brasil diz respeito aos acordos internacionais ligados à proteção do meio ambiente e às práticas antipoluição. É bem verdade que o Brasil somente terá autoridade moral para pregar a defesa dos acordos de não poluição e de defesa de meio ambiente caso adote internamente políticas mais efetivas para conter o desmatamento da Amazônia, a deterioração dos rios e as emissões de gases poluentes.

Embora haja outros temas de alta relevância para a diplomacia brasileira, as três grandes áreas acima citadas deverão constituir o eixo essencial da política externa do país, entre outras razões, pelo efeito que terão sobre o crescimento econômico e o desenvolvimento social. A filosofia de ação e a estratégia de operação são dois pilares fundamentais para induzir as empresas nacionais a buscarem a expansão de seus mercados externos e para induzir os investidores estrangeiros a virem para o Brasil. A política externa petista foi um desastre, senão por outros motivos, pela adesão a regimes antidemocráticos e violadores dos direitos humanos, o que coloca em dúvida a sinceridade quando falam em defesa da democracia e da liberdade.

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