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O comércio internacional é benéfico para os países e ajuda a melhorar as condições de vida da população. Os países têm condições naturais e vocações econômicas diferentes e, se cada região produzir aquilo que faz melhor e todos fizerem trocas comerciais, todos sairão ganhando. É a teoria das "vantagens comparativas", que afirma ser melhor para elevar a produção mundial que os recursos de produção, escassos, sejam utilizados com a maior eficiência possível. O comércio livre é considerado o motor mais importante para induzir que os países se dediquem a produzir os bens e serviços nos quais eles têm maior produtividade, pois a possibilidade de vender os excedentes em relação ao consumo interno, sem barreira de ordem tarifária e não-tarifária, dá mais eficiência à economia.

Embora o mundo venha ampliando o comércio internacional, sobretudo em razão do barateamento dos custos de transporte e da revolução nas comunicações, nas últimas cinco décadas tem sido grande o número de países que mantém subsídios para setores internos de baixa produtividade. Apesar da ampla aceitação da teoria das "vantagens comparativas", atualmente os subsídios aos produtos agrícolas nas nações desenvolvidas dificultam as exportações dos países mais eficientes. O Brasil vem lutando, há tempo, para que os Estados Unidos e a Europa reduzam a proteção aos seus produtores locais, pois temos condições de exportar para eles a preços inferiores ao custo de produção daquelas nações. A rodada de Doha é uma oportunidade e uma esperança para um acordo sobre a redução desses subsídios, o que abriria espaço para o Brasil aumentar as vendas externas de alimentos.

As negociações são sempre difíceis e lentas, pois os países adiantados resistem em reduzir subsídios internos, ao mesmo tempo em que pressionam o governo brasileiro para reduzir as tarifas de importação de produtos industrializados. O que os países adiantados desejam é que o Brasil diminua as tarifas cobradas nas compras de bens industriais daqueles países. Analisando o histórico das negociações, não dá para esperar reduções expressivas nos subsídios agrícolas nos Estados Unidos e nos países europeus, mas há esperança de que haja algum avanço, pois esses países estão devendo o cumprimento de um compromisso antigo, para fazer reduções, mesmo que graduais, dos subsídios que concedem aos produtores locais.

Há um elemento novo que pode contribuir para que as nações ricas façam algumas concessões para a assinatura de um acordo, que é o alto peso para os cofres públicos das despesas que seus governos gastam com os subsídios. Alguns dirigentes dos países industrializados vêem com bons olhos a melhoria das suas contas públicas, caso seja aprovada a redução dos subsídios, pois eles carregam vultosos gastos sociais, sobretudo com assistência e previdência social, e precisam buscar recursos de outras fontes para manter esses gastos sem levar a déficits públicos exagerados. Nesse sentido, o Brasil pode contar com alguma boa vontade dos ministros de finanças, pois tem sido constante a preocupação com a tendência crescente do gasto governamental com a rede de proteção social nos países da União Européia e nos Estados Unidos.

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