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O lançamento preliminar do nome do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR) como candidato à presidência da Câmara dos Deputados pelo grupo da chamada terceira via amplia o âmbito de escolha dos dirigentes das Casas do Congresso – Câmara e Senado. Além de contribuir para o resgate da credibilidade da instituição parlamentar, a indicação fortalece o pluralismo democrático, dada a filiação oposicionista do representante paranaense.

Embora seu nome venha alargar a disputa interna que se desenrola na Câmara – onde as candidaturas já postas dos deputados Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia se identificam com o Palácio do Planalto –, o deputado Gustavo Fruet rejeita o rótulo de oposição ao governo. Ele prefere situar sua postulação em favor da Casa, cujo fortalecimento considera fundamental para o aprofundamento da democracia no Brasil.

De fato, um dos princípios inscritos nas constituições contemporâneas é o equilíbrio entre os ramos do poder político, num sistema de pesos e contrapesos sustentado na evolução histórica dessas sociedades. Ao lutar pela autonomia do ramo parlamentar, o grupo amplia o movimento lançado no ano passado e que ganhou respaldo na opinião pública.

Além de combater a absolvição sistemática de denunciados por escândalos do mensalão, dos sanguessugas, etc., os líderes do grupo combatem a desmontagem do sistema tripartite de governo concebido por pensadores do Iluminismo. Como exemplo, em 2005 a pauta de 75% das sessões da Câmara ficou obstruída pela votação de Medidas Provisórias com força de lei. Já no Senado – embora personalidades se queixem da omissão ante a forma como outros órgãos assumem prerrogativas da instituição – o jogo parlamentar se mantém em melhor nível. Ali a maioria governista é escassa e os posicionamentos guardam mais independência em função do histórico de seus membros – ex-governadores, ex-ministros e, de toda forma, políticos com luz própria.

O grupo de parlamentares que defende a autonomia da Câmara confia que, apesar da perspectiva de continuidade da hegemonia do governo, a alternativa da terceira via poderá crescer. É que a forma atropelada pela qual o líder do PSDB declarou apoio ao candidato petista Arlindo Chinaglia está sendo rejeitada por nomes de expressão do partido "tucano", enquanto a reeleição do deputado Aldo Rebelo se enfraqueceu na ausência de posições firmes contra a cooptação exercida pelo PT.

Também conta o nome do deputado Gustavo Fruet, que se destacou no cenário político nacional como sub-relator da CPI dos Correios. Político promissor oriundo do Paraná, Fruet poderá repetir a trajetória de personalidades do estado, como o deputado Alencar Furtado, que foi líder do MDB na Câmara, e do senador Acioly Filho, relator da reforma constitucional de 1967, entre outros.

O importante, nesse processo, é que, além de melhorar a prática política, o resgate da confiabilidade do Parlamento evita dependência em relação a Executivos fortes, garantindo a representação dos cidadãos na formação da vontade política da sociedade.

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