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Por três conturbadas semanas o então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, manteve-se na corda bamba do cai-não-cai diante das notícias de suas peripécias como consultor que permitiram, apenas no ano passado, embolsar a bolada de R$ 20 milhões. Sob fogo cerrado da oposição, que exigia explicações, e fragilizado na própria base aliada, que não lhe deu o respaldo necessário, o outrora homem forte da presidente Dilma Rousseff há muito não reunia mais as condições de exercer as funções de principal articulador político do governo. Se o destino de Palocci já estava traçado – leia-se a sua demissão – restava apenas definir o momento propício para que fosse tornado público. E ele surgiu com a decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que determinou na última segunda-feira o arquivamento da investigação sobre seu surpreendente enriquecimento, que não viu indícios de crime na dinheirama amealhada pelo dublê de ministro e consultor.

O atestado de idoneidade dado pela PGR a Palocci foi o sinal verde que o Palácio do Planalto esperava para anunciar a sua substituição pela senadora do PT do Paraná, Gleisi Hoffmann. A saída pura e simples de Palocci de cena, entretanto, não resolve todos os problemas políticos que levaram à sua inevitável queda. Problemas para ele, pessoalmente, e também para o governo do qual era um dos nomes mais representativos. O agora ex-todo poderoso chefe da Casa Civil ainda deve um esclarecimento à opinião pública sobre suas bem-sucedidas desenvolturas na área de consultoria ao tempo em que também exercia funções públicas, sob pena de se transformar num cadáver insepulto; uma pedra no sapato a incomodar as hostes petistas.

Agora sem Palocci, a Casa Civil passa a ser comandada pela senadora paranaense Gleisi Hoffmann, esposa do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações. Com perfil mais técnico do que político, Gleisi é formada em Direito e tem especialização em Gestão de Organizações Públicas e Administração Financeira. Já exerceu as funções de secretária de Reestruturação Administrativa no estado de Mato Grosso do Sul e de secretária de Gestão Pública na prefeitura de Londrina; posteriormente integrou o governo de transição do presidente Lula, passando após para a diretoria financeira da Itaipu Binacional.

Diferentemente do que ocorria com Palocci, a Casa Civil deixa de funcionar como núcleo político para ganhar uma função mais técnica, de acompanhamento dos projetos considerados estratégicos pelo Planalto. Isso não significa dizer que a nova ministra abdicará por completo de ser uma presença marcante nas decisões políticas importantes que terão de ser tomadas daqui para frente. Condição esta amealhada em seus poucos meses no Senado, onde passou a ser reconhecida como uma autêntica "líder informal" do governo, dada a sua ferrenha postura em defesa da administração da presidente Dilma Rousseff.

Desde o governo do ex-presidente Lula, a Casa Civil se transformou num autêntico ímã a atrair problemas. Pelo cargo passaram e saíram em meio a denúncias de corrupção e negociatas José Dirceu, Erenice Guerra e agora Antonio Palocci. Gleisi assume ciente das dificuldades que terá pela frente, mas convicta de poder responder à altura a missão a ela reservada pela presidente Dilma, devolvendo transparência à pasta que tem função estratégica para o desempenho do governo.

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