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O quadro é muito grave no Paraná e em Curitiba no tocante à segurança pública e, de modo especial, à violência que vitima boa parte de sua população jovem. Já não é mais possível aos governos continuar tergiversando, desconhecendo ou contestando as estatísticas de criminalidade que a cada dia são divulgadas pelas mais respeitáveis organizações que tratam do assunto. É importante, agora, que o problema seja enfrentado com vigor, acima de qualquer preocupação de ordem política ou de interesses propagandísticos menores.

Na quinta-feira passada, a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OIE) deu a conhecer a última versão anual do "Mapa da Violência – Os Jovens do Brasil". Com base em dados oficiais fechados em 2004, o trabalho coloca o Paraná na 11.ª posição entre os 27 estados no que se refere à taxa de homicídios em relação ao total da população, com um índice de 28,1 casos por 100 mil habitantes (em 1994, ocupava a 16.ª). E entre a população jovem, situada na faixa etária de 15 a 24 anos, o estado passou a ocupar o 7.º lugar (era o 18.º), com índice de 59,9 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Curitiba também figura entre as capitais mais violentas do país. Relativamente ao total de sua população, a cidade apresenta a 10.ª maior taxa de homicídios (40,8), ao passo que entre os jovens a taxa sobe para 91,9 e chega à pior: 7.ª posição no ranking.

Claro que tais índices são ainda muito menores do que os verificados em outros estados e capitais. Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro ainda figuram no topo da lista da violência, assim como Recife, Vitória, Porto Velho ou Belo Horizonte. Este, no entanto, não é um sinal de que aqui o problema é menos grave. Pelo contrário, pois o que importa é a velocidade com que avançaram os nossos índices ao longo da década comparativamente, o que aconteceu nas demais unidades.

De fato, para citar alguns exemplos extraídos das tabelas incluídas no estudo da OIE, a taxa média nacional de homicídios cresceu 45% nesses dez anos, mas no Paraná tivemos a assustadora progressão de 117%. Foi uma das mais altas taxas de crescimento da violência do país. Em Porto Alegre, o aumento do número de homicídios no período foi de 42% e no Recife, 61%. No Rio, sempre apontado como o estado mais violento, o avanço foi de apenas 4%. E em São Paulo houve um fenômeno de inversão: a taxa de homicídios caiu 16%.

Considerando-se apenas os assassinatos que vitimaram jovens, a taxa de Curitiba subiu exorbitantes 188% em dez anos, contra a média nacional de 94%. No Rio, o crescimento foi de 18%. E em São Paulo ocorreu queda de 26%.

É o ritmo com que cresce o problema que configura a situação de extrema gravidade da violência no estado e em sua capital. Definitivamente, já não somos mais o oásis de paz e de segurança pelo qual éramos conhecidos há tão pouco tempo. Pior do que essa constatação, no entanto, é verificar que, a manter-se esse mesmo ritmo de progressão, é inelutável que cheguemos em breve tempo à condição de campeões nacionais da criminalidade.

É esse fato que precisa ser conveniente e humildemente reconhecido e tratado com maior seriedade e responsabilidade pelas autoridades estaduais de segurança pública.

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