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A ausência de gastos em obras de infraestrutura, compra de bens e equipamentos pelo governo do Paraná está bastante nítida no diagnóstico realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que coloca o Paraná como um dos nove estados brasileiros que diminuíram seus investimentos públicos de 2000 a 2010 em relação ao seu Produto Interno Bruto (PIB). Esse quadro mostra que não foi feito um planejamento de longo prazo na gestão estadual, o que é imprescindível para uma boa gestão pública. Se cada governo que toma posse da administração tiver de "arrumar a casa" e começar tudo do zero não será possível pensar em uma política lógica de desenvolvimento. Além disso, as demandas são muitas e é preciso contar com verbas da União para conseguir financiá-las.

O atual governo estadual tem pela frente o desafio de quebrar a lógica dos ciclos de investimentos de dois anos – comumente realizado por governantes em períodos eleitorais – e estabelecer um plano de investimentos contínuos para os próximos anos de mandato.

Entre 2000 e 2010, o índice de comprometimento do orçamento com investimento passou de 0,76% para 0,62%. Em 2011, apesar da mudança de gestão, o quadro não mudou. No primeiro semestre do ano passado, de acordo com dados da Secretaria da Fazenda, as despesas com investimentos foram 44,57% menores que em 2010.

O governo atual considera injusta a comparação com outros estados. Isso porque 2010 foi ano de eleições, o que levou a administração anterior a colocar mais dinheiro para a execução de obras, a fim de ter bons resultados nas urnas. Além disso, segundo o governo, o ano passado foi o primeiro do mandato de Beto Richa e era necessário "colocar ordem na casa".

A explicação faz sentido. É compreensível que em início de mandato a nova administração trabalhe para arrumar as contas do estado, estabelecer planos e metas. A análise criteriosa da situação financeira pode ser considerada um exercício de prudência. Porém, a capacidade de investimento público é um indicador do andamento de uma gestão. Além dos gastos ordinários com folha de pagamento e funcionamento da máquina, o governo deve conseguir melhorar a infraestrutura do estado para dar condições de desenvolvimento econômico. É de se esperar que, "arrumada a casa", os investimentos comecem a ser realizados de forma planejada e contínua.

A economia do Paraná precisa da máquina pública em pleno funcionamento. Investir em infraestrutura, compra de bens e equipamentos significa dar melhores condições de vida à população e também incentiva ações da iniciativa privada e, consequentemente, gera mais empregos. Quando um braço dessa cadeia para de se mexer, o desenvolvimento desacelera.

O governo do estado, porém, sozinho não dará conta de todas as demandas. Representantes do Fórum Permanente Futuro 10, que reúne 16 entidades representativas de classe, já apresentaram ao atual governador uma lista de obras necessárias para o desenvolvimento econômico do Paraná. Entre elas estão a dragagem e melhorias no corredor de exportação do Porto de Paranaguá, novo berço para movimentação de veículos, ligação ferroviária eficiente entre Guarapua­va e Paranaguá e também Cascavel e Guaíra, além de aplicação de recursos em rodovias, como a duplicação do trecho rodoviário entre a Lapa e São Mateus. Dada a importância dessas obras, recursos federais serão bem-vindos e para isso será preciso reverter ao menos parte dos cortes orçamentários feitos pelo governo federal, que retiraram da lista emendas parlamentares que beneficiariam o Paraná.

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