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A invasão da embaixada da Grã-Bretanha em Teerã, na última terça-feira, por centenas de manifestantes ensandecidos é mais um preocupante gesto de afronta às relações internacionais cometido pelo irascível regime iraniano. A turba, supostamente formada por estudantes alinhados com a linha dura do governo, pulou os muros do reduto diplomático britânico, quebrou janelas, destruiu documentos e incendiou um carro com coquetéis molotov. Em praticamente todo o mundo, as cenas transmitidas ao vivo pela tevê estatal do Irã provocaram uma reação em cadeia de condenação à violação do comezinho princípio da inviolabilidade das embaixadas.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que episódios dessa natureza são registrados no país. O mais dramático deles em novembro de 1979, quando a embaixada dos Estados Unidos foi tomada por cerca de 400 jovens que mantiveram 52 cidadãos norte-americanos como reféns por 444 dias. Regime teocrático fechado, o Irã se tornou nos últimos tempos uma dor de cabeça permanente para a comunidade internacional, principalmente pela insistência na manutenção de um nebuloso programa nuclear. Ainda que o governo de Ahmadinejad reiteradas vezes tenha afirmado que as pesquisas têm objetivos pacíficos, existem fundadas suspeitas do direcionamento para o desenvolvimento de armas nucleares. Ameaça essa corroborada pela Agência Internacional de Energia Nuclear, que em recente relatório ressalta que o programa nuclear iraniano não tem fins pacíficos.

A verdade é que a possibilidade de o Irã vir a ter artefatos nucleares altera drasticamente o já delicado equilíbrio geopolítico em todo o Oriente Médio. Uma ameaça que tanto os Estados Unidos, como Israel e até os países árabes não estão dispostos a aceitar. O sinal mais eloquente disso partiu do governo israelense, que não descarta a realização de uma intervenção militar para conter o expansionismo nuclear iraniano.

As dificuldades para pavimentar positivamente um caminho que permita pôr fim às ameaças do Irã mostram, por outro lado, a fragilidade dos atuais canais diplomáticos de que dispõem o mundo. A começar pelo anacronismo do Conselho de Segurança da ONU, de quem deveria partir as normativas para evitar que o pior possa vir a ocorrer. Para tanto, é consenso entre os países a necessidade urgente da promoção de reformas no Conselho, que se mantém praticamente sem mudanças desde a sua criação, ao término da Segunda Grande Guerra. A opção pela via diplomática na busca de soluções é o caminho a ser perseguido sempre, não apenas no caso do Irã, mas em qualquer situação que coloque em risco o entendimento e a paz entre as nações.

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