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O segundo turno da eleição presidencial do Brasil tem como principais virtudes o aprofundamento do debate público sobre o que pensam os candidatos e, com isso, a possibilidade de se ter uma reflexão maior sobre o nome que irá ocupar o mais alto cargo do país. Em duas semanas, no próximo dia 31 de outubro, os eleitores brasileiros irão às urnas pela segunda vez nestas eleições para escolher o próximo presidente. Até lá, os eleitores terão tempo o suficiente para analisar as posições políticas dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), saber o que pensam os dois candidatos e como pretendem conduzir o país.

No primeiro turno, a atenção dos eleitores e da imprensa ficou distribuída entre os muitos candidatos – dentre os que disputavam as eleições estaduais, cargos majoritários e proporcionais –impedindo que qualquer discussão entre os presidenciáveis pudesse ser aprofundada. Isso ficou muito claro nos debates televisivos, que acabaram sendo mais um instrumento para construir a imagem dos candidatos do que para discutir ideias. O debate, aprofundado, inexistiu.

Assim, entramos em uma campanha de segundo turno mais agressiva, com questões colocadas de maneira atravessada, que criam estranheza por parte dos eleitores. Mesmo com todo sentimento de raiva que tais ataques e posicionamentos ambíguos geram, o segundo turno eleitoral é saudável para a democracia.

Primeiro porque, se o pleito acabasse já em 3 de outubro, o vencedor entraria no Palácio do Planalto com um salto mais alto do que deve – observação que serve para ambos. Segundo, porque a segunda etapa é uma oportunidade de deixar propostas mais claras, posicionamentos pensados com cuidado quando em posse do mandato. Além – mesmo sem o aprofundamento que se espera – da oportunidade de se ampliar o debate a respeito de políticas públicas.

Se no primeiro turno se observava os presidenciáveis evasivos a respeito de temas como as reformas necessárias ao país, agora posicionamento sobre questões polêmicas já não estão escondidas. Os candidatos não podem fugir dos debates, seja em programas de televisão ou nas ruas, quando no "corpo a corpo" da campanha.

É natural que agora as diferenças entre Dilma e Serra passem a ser mais evidentes, na medida em que pretendem envolver os eleitores para que confiem em suas plataformas de campanha. O segundo turno traz a legitimidade para governar ao aprofundar o debate sobre políticas públicas.

Mesmo que a decisão seja protelada, há um efeito moral. Ao obter mais de 50% dos votos que todos os demais concorrentes já no primeiro turno, é fácil que o eleito possa se sentir "todo poderoso". Assim, essa etapa a mais faz com que os postulantes introjetem uma certa humildade, pois precisam reconquistar apoios, compor alianças, na tentativa de terem sucesso eleitoral.

E é no meio desse cenário que está o eleitor hoje. Faltam quinze dias para que decidam qual é o melhor nome para governar o país nos próximos quatro anos. É a oportunidade de se prestar atenção no que pensam Dilma e Serra e o que pretendem fazer quando um ou outro for eleito. É momento de se cobrar que passem a tratar de temas tidos como antipáticos, como reforma política, previdenciária, tributária e trabalhista. Pois essas reformas serão de vital im­­portância para o crescimento do Brasil, sem que distorções existentes hoje tragam um im­­pacto destrutivo para o país ao longo prazo.

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