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Fila de candidatos a trabalho em supermercado: apesar da queda recente, desemprego segue próximo das máximas históricas.
Fila de candidatos a trabalho em supermercado: apesar da queda recente, desemprego segue próximo das máximas históricas.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Dos diversos desafios que o Brasil enfrenta no campo econômico, a geração de empregos é um dos mais urgentes. A gravíssima crise que nos foi legada pelos anos de gastança e desvario lulopetistas deixou um saldo ainda persistente, de 13 milhões de brasileiros à procura de um emprego. Por isso, os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da Economia servem como um pequeno consolo. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o país abriu 48.436 postos de trabalho no mês de junho – o resultado é o saldo entre contratações e demissões –, o melhor número para o mês desde 2013. Com isso, o Brasil fecha o primeiro semestre com 408,5 mil novas vagas com carteira assinada, o melhor número para o período desde 2014.

Números que merecem comemoração, mas sem perder de vista o tamanho da mazela que ainda aflige o país. Nunca é demais relembrar o célebre “índice de miséria” criado pelo economista norte-americano Arthur Okun, e que soma inflação e desemprego. Okun concluiu que, a partir do momento em que essa soma supera 12, um país começa a ter problemas sérios de bem-estar social, com efeitos nocivos sobre a economia e a sociedade. A equivocada “nova matriz econômica” petista conseguiu a proeza de estourar o limite estabelecido por Okun de duas maneiras diferentes: primeiro, com baixo desemprego, mas alta inflação (superando os 10% em 2015); uma vez instalada a recessão, o emprego foi o último indicador a piorar, com os índices de desemprego disparando em 2016, no último ano do governo Dilma, quando a inflação já começava a recuar.

Até o momento, não houve recuperação digna deste nome no Brasil; o país se limitou a sair da recessão e andar de lado

Assim como nas crises o emprego é o último indicador a piorar, ele também é o último a melhorar nos cenários de recuperação. Ocorre que, até o momento, não houve recuperação digna deste nome no Brasil; o país se limitou a sair da recessão e andar de lado, com a perigosa recaída do primeiro trimestre deste ano. Isso explica a persistência do desemprego, em um patamar que, sozinho, já basta para colocar o Brasil acima daquele limite considerado aceitável no “índice de miséria”, ainda que a inflação estivesse zerada.

Chama a atenção, nos números de junho, que tanto comércio quanto indústria tiveram desempenho negativo, demitindo mais que contratando – 3 mil e 11 mil vagas cortadas, respectivamente. Também nesta quinta-feira, a Confederação Nacional da Indústria divulgou uma nova estimativa de desempenho do setor em 2019. Em vez do crescimento de 1,1% previsto em abril, a entidade agora espera uma taxa bem mais modesta, de 0,4%.

Estes dados certamente estarão na mira do Copom, que se reúne no fim deste mês para definir a taxa básica de juros, que tem se mantido em 6,5% desde março de 2018. A inflação tem se mantido sob controle, mas o comitê tem deixado claro que só isso não basta para que os juros voltem a cair, ajudando o setor produtivo. O país continua precisando das reformas que garantam uma trajetória sustentável para o gasto público no futuro. Desde a última reunião do Copom, no meio de junho, a Câmara aprovou, em primeiro turno, a reforma da Previdência – um avanço importantíssimo, mas não definitivo, pois ainda faltam a segunda votação dos deputados e toda a tramitação no Senado; até por isso, não se sabe se o comitê considerará que esta primeira aprovação é suficiente para justificar um corte na Selic.

Para reativar os investimentos que farão a economia crescer e o desemprego diminuir, as grandes reformas, como a da Previdência e a tributária, andam de mãos dadas com as mudanças microeconômicas, a exemplo daquelas presentes na MP da Liberdade Econômica, que está em análise no Congresso Nacional. Quem não tem emprego tem pressa; que todos em Brasília tenham muito presente a dor que o desemprego causa às famílias e trabalhem juntos, propondo e aprovando medidas que destravem o mercado de trabalho.

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