• Carregando...

Com a realização das convenções partidárias, ficou desenhado o quadro da eleição para o comando do Executivo paranaense. O atual governador, o tucano Beto Richa, tentará a reeleição contra dois fortes adversários, os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), e outros seis candidatos menos expressivos – Bernardo Pilotto (PSol), Tulio Bandeira (PTC), Ogier Buchi (PRP), Rodrigo Tomazini (PSTU), Geonísio Marinho (PRTB) e Silvana Souza (PCB). Com a campanha oficialmente iniciada, é hora de recordar uma verdade fundamental: o tempo que temos até a eleição é pouco, e não pode ser desperdiçado.

Esta campanha eleitoral é uma oportunidade ímpar para um diálogo profundo a respeito dos interesses do Paraná. Todos os principais candidatos ou já passaram pelo comando do Executivo paranaense, ou estiveram em posições de onde puderam influenciar o desenvolvimento do estado. O cidadão tem o direito não apenas de saber como essas pessoas trabalharam pelo bem do Paraná, mas também de conhecer o que os candidatos consideram como prioridades para o estado, quais são seus planos de longo prazo para o desenvolvimento do Paraná, quais os ideais que norteiam as propostas apresentadas ao eleitorado. O Paraná tem de ser um local receptivo a novos investimentos, marcado pela segurança jurídica e pelo respeito aos contratos, com uma infraestrutura que dê competitividade a nosso estado e aos negócios que aqui se instalarem. Ao mesmo tempo, quem ocupar o Palácio Iguaçu até 2018 precisa olhar de forma muito especial para os 18,4% de domicílios paranaenses que vivem na pobreza, segundo dados de 2010 do IBGE – especialmente na Região Centro-Sul do estado, onde ainda há municípios em que mais de 40% dos domicílios estão nessa condição.

E um comprometimento sólido com os interesses do Paraná também pede que os candidatos assumam outro tipo de compromisso: com elevadíssimos graus de moralidade no trato dos recursos públicos, com a montagem de suas equipes e com indicações para cargos importantes como os do Tribunal de Contas do Estado. A sociedade paranaense já deixou muito claro que não compactua com o nepotismo e com a presença, nos altos escalões, de pessoas envolvidas em escândalos de corrupção, tráfico de influência e desvio de recursos públicos. Mesmo um governante capaz não poderá fazer muito se tiver suas mãos amarradas por conveniências familiares ou de troca de favores.

Uma campanha marcada pela pobreza de horizontes, em que só se discutam as pessoas, e não as ideias, seria o desperdício de uma grande oportunidade para definir os rumos do Paraná. Ainda pior seria a repetição de episódios passados de truculência, grosseria e falsas acusações, ou o uso de candidatos menos expressivos como meros "laranjas", com carta branca para todo tipo de baixaria com o intuito de minar outras candidaturas. Não é o que esperamos nem dos principais postulantes ao Palácio Iguaçu, nem daqueles que, mesmo com chances menores, apresentam seu nome ao eleitorado paranaense e podem, sim, trazer para o debate eleitoral temas importantes que considerem relegados ao segundo plano pelos candidatos mais fortes.

Com tantas questões importantes a tratar nesses três meses que temos até o primeiro turno, não podemos nos dar ao luxo de encarar o período eleitoral como holofote para excentricidades, ainda que uma certa desilusão com a política leve algumas pessoas a pensar que campanha boa é só aquela em que "o circo pega fogo". Serenidade e seriedade não são sinônimo de apatia: que os candidatos saibam defender com firmeza suas plataformas e os princípios que julgam corretos, mas jogando limpo com seus adversários e tendo sempre em vista que, se eleitos, suas decisões influenciarão a vida de milhões de paranaenses.

Dê sua opinião

Você concorda com o editorial? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]