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A semana passada foi marcada por uma importante vitória sobre o crime organizado. O desmantelamento do golpe em andamento em Porto Alegre comprovou a necessidade – e a eficácia – de trabalhos de inteligência e de planejamento por parte dos organismos policiais. Para barrar o avanço de grupos do tipo PCC – Primeiro Comando da Capital – , os caminhos passam pela eliminação dos fundos que irão financiar ações futuras, como ataques a unidades policiais, libertação de presos, sitiando a população ao colocar em xeque a segurança pública. Além disso, esses fundos passam a alimentar os dutos de corrupção.

Os homens que foram pegos na capital gaúcha são apontados como autores do maior roubo da história do país. O alvo foi o Banco Central, em Fortaleza, no ano passado. O grupo alugou uma casa próxima ao BC, três meses antes do golpe, e instalou uma empresa de fachada para evitar suspeitas. De um dos quartos, cavaram um túnel que os levou ao caixa-forte. Muita ousadia.

No caso gaúcho foi comprado um prédio por R$ 1,2 milhão de frente para o Banrisul. O túnel, de 85 metros de extensão, estaria pronto em duas semanas e levaria também a uma agência da Caixa. Ousadia em dobro, fria e calculada.

Ao cabo de seis meses de investigações, porém, os policiais deixaram o prédio sob aplausos de populares. Para o ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, "o crime organizado no Brasil foi golpeado naquilo que ele tem de oxigênio, o dinheiro". A Operação Facção Toupeira pegou o PCC no momento em que ele "fazia caixa", ou se reabastecia de "oxigênio".

Sempre cabe lembrar, quando se fala em investigação policial paciente e meticulosa, o que ocorreu com um dos maiores gângsters da história dos Estados Unidos, Al Capone. Depois de muitas tentativas, parecia que o poderoso chefão jamais seria visto atrás das grades. Mas isso acabou ocorrendo, em 1931. A condenação do criminoso mais notório de Chicago não veio em decorrência dos assassinatos e banhos de sangue atribuídos a ele. Capone pegou 11 anos de prisão por sonegação de fiscal. Foi sentenciado também ao pagamento de US$ 80 mil, o que levou o gângster a reclamar que "o governo não pode recolher imposto legal de dinheiro ilegal". O império do mal montado por Capone e seus asseclas começou a ruir quando as fontes de dinheiro começaram a secar. Boa parte dos esforços foi centrada em bolso, uma vez que a coleta de provas, pelos crimes de morte e extorsão, não vinha surtindo efeito imediato. Sob ofensiva da Lei em dois flancos, no mais visível – a bandidagem nas ruas – e no subterrâneo –, o da captação de recursos, a maré começou a mudar.

O trabalho da área de inteligência e de análise de informações, para alimentar um estratégia mais abrangente, foi o grande trunfo.

Como começa a ocorrer no Brasil, o crime organizado deve ser combatido de maneira igualmente organizada, em diversas frentes.

Os resultados virão e, embora a polícia esteja tão somente cumprindo o seu papel, a população irá aplaudir como o fez em Porto Alegre.

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