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Definidas ontem as composições das forças políticas que disputarão as eleições presidenciais e para o governo do Paraná, inicia-se hoje uma nova etapa do processo democrático que levará à escolha dos novos titulares do Poder Executivo em nível federal e estadual. Em ambos os casos, são basicamente coincidentes as frentes partidárias que sustentam as candidaturas lançadas. De um lado, agregadas a legendas menos expressivas, somam-se PT, PMDB e PDT; de outro, PSDB e DEM. Em teoria, recorrendo-se a um critério já mundialmente em desuso, os primeiros representariam a esquerda; os demais, a direita.

Em âmbito nacional, sob o guarda-chuva partidário dito de esquerda, disputa a Presi­­dência da República a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT, tendo como companheiro de chapa o presidente do PMDB e da Câmara Federal, Michel Temer. O ex-governador José Serra, do PSDB, que definiu ontem o seu vice – o deputado carioca Índio da Costa, do DEM, situar-se-ia alinhado às correntes partidárias consideradas conservadoras.

Não é diferente o quadro que emergiu no Paraná no último dia de prazo para definições. As "esquerdas" uniram-se para lançar o senador Osmar Dias (PDT) como candidato a governador, com um vice do PMDB, e, como postulantes ao Senado, a petista Gleisi Hoffmann, e o peemedebista e ex-governador Roberto Re­­quião. Na trincheira oposta, o ex-prefeito Car­­los Alberto Richa, herdeiro político do ex-go­­ver­­nador José Richa, fundador do PSDB, escolheu o senador Flávio Arns, um egresso recente do PT, como seu candidato a vice. Para o Se­­na­­do, os deputados federais Gustavo Fruet (PSDB) e Ricardo Barros (PP).

Grosso modo, porém, são inapropriadas tais rotulações que dividem, aqui e lá, os dois grupos. Mesmo porque não foram critérios puramente ideológicos que inspiraram a formação de cada um deles, mas sim os cálculos matemático-eleitorais, maior tempo de televisão etc. – enfim, o jogo de perde-ganha desprovido de preocupações de caráter doutrinário ou programático, a que se dedicaram os estrategistas de cada lado. A prova mais cabal e evidente de que questões de tal profundidade não estiveram nas cogitações de ninguém é o fato de que o agora candidato "das esquerdas" no Paraná, senador Osmar Dias, era até a última hora também objeto de desejo "da direita".

Digamos que, de fato, tais preocupações já não façam sentido. Cientistas políticos escreveram longos tratados, equivalentes a atestados de óbito, a respeito da morte das ideologias ocorrida quando do fim da Guerra Fria – quando o mundo se dividia entre as liberdades do Ociden­­te e a opressão do Oriente – simbolizada pela queda do Muro de Berlim, no fim da década de 80. Não é preciso concordar cegamente com tais cientistas, mas é necessário, mais do que nunca, reconhecer que, se ideologias já não são barreiras, que se conheça pelo menos o modo como se diferenciam os concorrentes.

Não são como sabão em pó, que as donas de casa preferem de uma marca sem saber exatamente se o da outra lava de fato mais branco. São políticos que catam votos prometendo, em troca, distribuir felicidade. É indispensável, pois, que digam como pretendem cumprir tal promessa, com que meios e com provas de viabilidade. Se não é pelo pensamento político que de­­cidirão seus votos, os eleitores, pelo menos, têm direito de conhecer e debater os programas e projetos que lhes forem apresentados durante a campanha que se inicia.

É o mínimo que se exige dos postulantes aos nossos votos. São inúmeros os desafios que afligem a população e atravancam o desenvolvimento do país e do estado – da saúde à educação, da segurança aos transportes, do saneamento às creches, da energia à infraestrutura pesada. São problemas que exigem propostas viáveis dos que, em teoria, dizem não querer o poder pelo poder, mas o poder para fazer o bem. O eleitorado quer saber, em campanha respeitosa e civilizada, o que cada um propõe, para assim fazer a melhor escolha.

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