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Não sem motivo, os alertas sobre a degradação do meio ambiente foram encorpados, na semana passada, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da ONU, e por um estudo sobre a devastação da Amazônia. A eles veio se somar, partindo de um ângulo pouco conhecido, o levantamento realizado pela Agência Brasil, para identificar a relação entre o desmatamento e a violência. Os assassinatos acompanham o desmatamento na região.

O trabalho cruzou dados do Projeto Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite com o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, realizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI). E apontou que dos 100 municípios com índices mais elevados de desmatamento, 61 estão entre os que apresentam as maiores taxas de assassinatos no país.

No cotejamento do Gráfico do Desflorestamento até 2005 com a lista dos 556 municípios com as maiores taxas de homicídios na população total, conclui-se que essas cidades representam 10% dos municípios brasileiros, mas, em 2004, concentravam 71,8% do total de homicídios.

Entre os municípios que figuram nas duas listas, 28 estão no Mato Grosso, 21 no Pará, oito em Rondônia e dois no Maranhão. Acre e Tocantins aparecem com um município cada. Além disso, entre os 100 mais desmatados, 16 estão também entre os 100 municípios com maior número de assassinatos. A presença maléfica do desmatamento, portanto, vai além do atentado contra as florestas.

Enquanto isso, as conclusões do relatório do Painel sobre Mudanças Climáticas davam mais peso à preocupação mundial com o futuro do planeta, levando o presidente Jacques Chirac a afirmar que a luta contra o efeito estufa é "uma das urgências absolutas de nosso tempo".

De fato. Como assinala o documento, a possível alta da temperatura mundial em 2 graus centígrados durante o próximo século levará à extinção de 30% das espécies, à queda da produção agrícola e a uma elevação do nível do mar de 4 a 6 metros.

Ponto importante na observação do presidente francês: a sobrevivência da humanidade depende de nossa capacidade de transmitir às gerações futuras um meio ambiente preservado. É ainda dele o apelo para que os países assumam o objetivo de reduzir à metade as emissões mundiais de gases do efeito estufa até 2050.

Todos devem se engajar nesse esforço, dos poderes públicos às empresas, passando pelas associações e o cidadão comum.

A reunião foi a segunda do painel intergovernamental, estabelecido em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). O primeiro encontro ocorreu em fevereiro em Paris.

O próximo será em Bangcoc e em Valência, em novembro, com a apresentação de uma síntese de seu trabalho para levar aos governos.

Forma-se uma consciência de que é preciso correr contra o tempo. Vivemos sob uma nova espécie de espada de Dâmocles.

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