• Carregando...

Curitiba está completando hoje bem vividos 314 anos. De tímida vila fincada pelos primeiros colonizadores que, vindos do litoral, venceram a Serra do Mar, soube construir-se cidade e elevar-se à condição de uma das grandes metrópoles do país. São mais de três séculos forjando uma tradição invejável – a de ser terra de todas as gentes. Para cá confluiu o mundo – portugueses, espanhóis, alemães, poloneses, ucranianos, japoneses, italianos, povos que se juntaram aos nativos indígenas. E cada um destes povos, carregado de tradições, costumes e culturas tão peculiares, contribuiu, com o seu caráter, para formar o jeito tão próprio de ser e de viver do curitibano.

Moldou-se aqui um diferenciado perfil de brasileiro. Nele se destacam qualidades como o amor pelo trabalho e pela paz, o agudo sentido de organização, o culto aos valores tradicionais e a prudência, convivendo, sem contradições, com uma permanente abertura para a modernização e para o cosmopolitismo. Não por outras razões, somos hoje cidade-modelo, foco de atração preferencial para todas as gentes.

Graças à soma destas virtudes, Curitiba pôde crescer nas últimas décadas talvez mais que qualquer outra grande capital brasileira, mas, ao contrário de todas, sem apresentar sinais de degradação urbana tão graves quanto os ocorridos nos maiores centros no mesmo período. Ainda conseguiu preservar-se e continuar oferecendo ao seu povo e a todos quantos a procuram oportunidades de vida, de trabalho e de progresso.

Cidade perfeita? Nem de longe. Enfrentamos quase todos os mesmos, múltiplos e graves problemas da maioria. A grande diferença é que, aqui, eles são ainda controláveis. O primeiro grande problema está na exacerbação do crescimento – principalmente das cidades da região metropolitana que constituem o entorno imediato de Curitiba e que pressionam a infra-estrutura da capital, frágil demais para absorver os enormes contingentes populacionais que não param de chegar.

O empobrecimento do interior rural tem sido o principal fator deste fluxo constante. Mas conter o êxodo não é tarefa da região metropolitana. Ela apenas tenta absorver seus efeitos, atraindo empresas para dinamizar sua economia, gerar empregos e acrescentar renda que lhe permita expandir os serviços sociais e melhorar suas condições infra-estruturais – saneamento, escolas, serviços de saúde, transportes, vias públicas entre outros. O grande desafio é, portanto, manter a capacidade de investimentos de modo a não permitir que o crescimento populacional se transforme em sinônimo infalível de degradação social.

Por isto, a melhor obra que Curitiba pode esperar é que o desenvolvimento chegue também ao interior do estado, para onde se devem voltar políticas efetivas para evitar o êxodo. Independentemente, porém, dos resultados que se puder obter no interior, Curitiba não pode perder de vista sua condição de cidade ordenada, viável e ainda tão jovem nos seus 314 anos de existência.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]