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A OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, quer a adesão do Brasil via bloco dos emergentes. Interessado nos benefícios como a obtenção do grau de investimento internacional, o governo hesita: a ancoragem no clube dos 30 países mais ricos representaria a perda do "status" de país em desenvolvimento, que favorece exportações para nações industrializadas e, sobretudo, o discurso de porta-voz dos mais pobres no G-20. Mas não deveria, a cada dia se acumulam os sinais de que o Brasil é um candidato sério ao bloco de vanguarda.

No meio tempo as autoridades se aproximam da OCDE, com nossos diplomatas atuando como observadores em reuniões de trabalho, repetindo a ligação com o G-8, grupo de ministros de Economia dos países centrais.Tais situações nos mostram em transição, dentro do grupo dos "Bric" integrado ainda pela Rússia, China e Índia – os emergentes de escala que abocanharam crescente fatia do comércio mundial (de 18% em 1990 para 27% em 2005).

O Brasil de fato se transformou, exibindo uma sociedade moderna e integrada, um plano de estabilização que domou a inflação crônica e se aproxima de um Produto Bruto de um trilhão de dólares, com previsão de crescimento de 5% nos anos vindouros. Porém, de outro lado, com persistente retração na produção industrial, um Estado obeso e com leis anacrônicas, o prolongamento da incerteza jurídica – expressa nas ocupações de propriedades rurais e, sobretudo, políticas públicas sem foco estratégico, corremos o risco de regressão para uma economia de status colonial – que é preciso evitar.

Assim, enquanto "a competição de origem ocidental se estendeu para o Oriente, abrangendo desde países menores até a China e Índia" – como assinalou o historiador André Chevitarese – continuamos com um figurino que não se ajusta à realidade. Como resultado, os chineses, desbancando outros competidores, se tornaram nossos fornecedores de manufatura superavitários, deslocaram exportações brasileiras para terceiros mercados e agora disputam fatias de maior valor agregado em base mundial.

A Índia, outro fenômeno dos emergentes, acaba de ser visitada por missão empresarial paranaense, que foi acompanhar uma feira de engenharia e tecnologia realizada em Nova Delhi. De fato a economia indiana exibe vigorosa expansão em serviços, superou a carência histórica em produção de alimentos e quer emparelhar com a China mediante criação de zonas industriais voltadas para a exportação, enquanto empresários indianos se espalham pelos principais continentes.

Em contraponto, atacado pela "doença holandesa" do câmbio irreal, que mina a capacidade de competir e inovar de nossas empresas industriais, o país precisa saber enfrentar a mudança do padrão na economia mundial. Portanto, há cenários positivos como o da OCDE, mas também riscos: sem fortalecer a indústria, a tecnologia e a educação de qualidade, podemos repetir o século dezenove: uma economia apenas exportadora de commodities minerais ou agropecuárias e a população urbana disputando empregos de baixa densidade ou se refugiando num Estado clientelista, que acabará por resvalar no limbo da estagnação.

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