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O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) sobre o desempenho da indústria nacional, divulgado na semana passada, coloca o Paraná na terceira posição entre os estados que apresentaram maior crescimento no primeiro semestre. O índice de aumento da produção industrial paranaense foi de 7%, acima da média do país, que ficou em 4,8%, e abaixo apenas do Rio Grande do Sul (8,5%) e Minas Gerais (7,9%). Foi o me-lhor resultado alcançado pelo estado nos últimos dez anos.

Se não chega a compensar integralmente a estagnação que o setor apresentou a partir de 2002, o resultado alcançado pelo Paraná reflete duas outras realidades animadoras. A primeira delas diz respeito ao dinamismo do nosso parque industrial, que demonstrou capacidade de dar resposta rápida ao incremento da demanda. E a segunda importante constatação é a de que o seu excelente desempenho se deveu sobretudo ao inesgotável dinamismo de outro setor, o agronegócio.

É exatamente isso que mostra o levantamento do IBGE, pois os segmentos que mais contribuíram para alavancar os índices da produção industrial são os de veículos, fertilizantes e máquinas e implementos agrícolas. Ou seja, como o cenário do agronegócio melhorou, deu-se como mais imediato reflexo o aumento das vendas de produtos industriais demandados pelo campo.

Este fato demonstra bem a tese há muito defendida – mas nunca colocada em prática na dimensão desejável – de que o Paraná tem tudo para valer-se do potencial representado pela dobradinha agropecuária-indústria. A soma das suas riquezas, favorecida por sua evidente interdependência, é fator decisivo para fomentar e interiorizar o desenvolvimento econômico e social do estado.

Até há pouco mais de duas décadas, a economia paranaense se assentava predominantemente na agropecuária. Um quarto da produção nacional de alimentos dependia do estado, grande fornecedor de matérias-primas para as indústrias situadas em outros estados. Em suma, apesar da avançada tecnologia empregada e dos altos índices de produtividade agrícola que registrava, o Paraná era mero exportador de matérias-primas de origem vegetal de pouco valor agregado, pouco se valendo do potencial de transformação industrial do que produzia no campo. O resultado era uma balança comercial que mal nos favorecia, pois a exportação, quer para o mercado interno quer para o externo, era grandemente absorvida pela necessidade de importações de bens industriais.

Era famoso, por exemplo, o "passeio do trigo": mantínhamos a maior produção do cereal, mas importávamos boa parte dessa produção na forma de farinha ou de massas prontas provenientes de outros estados. O mesmo se dava com a soja ou o milho, que voltava ao Paraná como ração animal ou óleos refinados de mais alto valor agregado. Máquinas, implementos e outros insumos agrícolas também eram adquiridos junto a fornecedores de fora do território nacional.

O processo de industrialização do estado só começou a ganhar forma e consistência a partir dos anos 70 do século passado, mas só mais recentemente, com a instalação do complexo automotivo e com a multiplicação e modernização das grandes agroindústrias do sistema cooperativo é que o Paraná de fato começou a se valer com mais ênfase dos benfazejos efeitos da dobradinha agropecuária-indústria.

Nem de longe está esgotado o potencial da dupla vocação econômica do Paraná. Embora do ponto de vista de aproveitamento territorial já não seja possível incrementar a produção agrícola, sob o aspecto da diversificação e do emprego de tecnologias avançadas em busca de maior produtividade o campo é ainda muito vasto e fértil. O mesmo se dá em relação à industrialização, pois estamos igualmente longe de quaisquer limitações que possam impedir a sua expansão.

Desta forma, soa absolutamente clara a prioridade de adoção de políticas públicas voltadas para dar o melhor aproveitamento possível à dupla vocação da economia paranaense, quer mediante medidas de ordem tributária quer, sobretudo, com a implementação de projetos essenciais de infra-estrutura que favoreçam a competitividade dos nossos produtos.

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