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Um dos efeitos negativos da crise econômica é que ela leva ao abandono do debate sobre os temas estruturais do país, aqueles que são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social. Por pior que a crise possa ser, mais cedo ou mais tarde ela acabará e a normalidade será restabelecida, pois os agentes econômicos (pessoas, empresas e governos), premidos pelas dificuldades, revisarão seu comportamento e farão os ajustes necessários para a recuperação. Nesse momento, é um erro usar a crise para não insistir nas reformas e na implantação de políticas vitais para a retomada do crescimento.

O Brasil precisa encarar de forma séria e urgente duas revoluções absolutamente necessárias para melhorar seu padrão de desenvolvimento econômico e social. Uma é a revolução da educação. Não dá para ter ilusão: o nível médio educacional dos quase 185 milhões de habitantes é muito baixo. Basta andar pelas grandes cidades, pelas periferias e pelo interior dos Estados para ver estampado na "cara" do povo que o padrão educacional é lamentável. A revolução da educação precisa incorporar todas as faixas da população: crianças, jovens e adultos, incluindo-se nesse conjunto a população acima dos 65 anos. Definitivamente, não há chance de um futuro glorioso sem uma revolução radical na educação.

A segunda revolução necessária e urgente diz respeito à taxa de investimento nacional como percentual do Produto Interno Bruto (PIB) e à sua distribuição geográfica. A começar pela recuperação da infraestrutura (transportes, energia, portos, aeroportos), passando pelos investimentos em educação (escolas, equipamentos e materiais) e pela saúde (hospitais e equipamentos médicos), os investimentos no Brasil devem aumentar muito e precisam, em especial, ser interiorizados. O Brasil é um país cuja população concentra-se nas capitais dos Estados e isso é ruim para um progresso harmônico. O país necessita intensificar os investimentos nas cidades do interior, criar novos pólos econômicos e "espalhar" o desenvolvimento por todo o território nacional.

É lamentável que os principais foros de debate da sociedade (as câmaras de vereadores, as assembleias legislativas, a câmara federal e o senado) praticamente desdenham esses temas e trata deles de forma superficial. Mesmo o Poder Executivo negligencia uma discussão profunda e estruturada sobre esses temas. O Presidente Lula criou um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o qual jamais divulgou uma só das grandes discussões sobre os grandes temas nacionais. Na verdade esse Conselho nunca se aprofundou em qualquer debate relevante. O Brasil precisa recuperar urgentemente o diálogo nacional sobre os temas relevantes. A revolução dos investimentos e revolução educacional devem ser as prioridades absolutas.

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