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Os projetos de plano de governo apresentados na semana não carregam novidade maior, que ficou na informação trazida pelas últimas pesquisas de opinião, apontando para a possibilidade de reeleição do presidente Lula, beneficiado por uma série de fatores, entre os quais a possibilidade de concorrer à recondução sem afastamento do cargo. O principal candidato de oposição não soube ou não conseguiu capitalizar os descontentamentos contra o governo liderado pelo PT, nem problemas de relacionamento com o Congresso que levaram a escândalos e denúncias. Mas também é inegável que a gestão de Lula superou essa maré de crise, favorecida por uma condução no geral positiva da atividade econômica e postura equilibrada que deixou para trás o radicalismo original de seu partido.

O ambiente externo também ajudou, com o ciclo de expansão benigna de mais de cinco anos nos mercados mundiais. Se o início dessa fase não pôde ser aproveitado porque o novo governo estava às voltas com o resgate da estabilidade ameaçada pelo processo eleitoral de 2002, os anos restantes foram extremamente positivos. Como lembrou em Curitiba o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, pela primeira vez as eleições presidenciais brasileiras transcorrem sem sobressaltos na área econômica.

Por seu lado o principal candidato de oposição, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, teve dificuldade para expor à sociedade sua proposta de candidatura. Censurado por alguns membros de sua própria coalizão por suposta passividade ante os erros do governo, Alckmin não consolidou uma visão atualizada do modelo presidencial praticado no país. Caso raro na crônica política contemporânea, nosso presidencialismo imperial enfeixa na mesma pessoa duas funções distintas: líder do Estado e gestor da máquina administrativa.

Atrelado à última expressão da função presidencial, a partir de sua experiência como governador estadual, Alckmin passou a primeira semana da propaganda eletrônica – a mais importante, segundo os analistas políticos – a desfiar aspectos acessórios em vez de se dedicar a questões de fundo, como censurou o historiador Istvan Jancksó. Mesmo nas aparições presenciais, como durante visita a Curitiba, o ex-governador expressou essa dimensão mais detalhista, perdendo oportunidade de transmitir a mensagem ampla de um estadista, dotado de conhecimento da máquina administrativa mas também de visão histórica – segundo recomendava Churchill.

Outro problema no atual pleito, porém de caráter regional, é a presença de candidatos de partidos "nanicos", sem viabilidade eleitoral mas escalados como "laranjas" de terceiros para atacarem adversários de maior porte. Por isso a projetada reforma política – que se propõe reduzir o número de legendas e a depuração do Congresso – deve também prover mecanismos, como uma petição firmada por determinado número de eleitores, como condição para a apresentação de candidaturas a cargos majoritários.

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